“A beleza da eternidade está sendo intencionalmente esquecida e ignorada”, afirmou eleO Papa Francisco quer que haja mais interesse pela vida eterna nos âmbitos da teologia, da catequese e da formação cristã. Ele próprio reforçou o assunto no início deste mês de dezembro ao escrever ao cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, por ocasião da XXIII Sessão Pública das Academias Pontifícias, cuja solenidade anual abordou precisamente o tema “Eternidade, a outra face da vida”.
Francisco parabenizou o cardeal e os organizadores do evento pela escolha temática, ressaltando que ela nos estimula a refletir de novo e melhor sobre um âmbito essencial da experiência cristã, mas que não tem sido valorizado o suficiente nas pesquisas acadêmicas dos últimos anos e nem mesmo na formação dos fiéis. O Papa foi além e disse ter a impressão de que esse tema é “intencionalmente esquecido e ignorado porque é aparentemente distante, estranho à vida quotidiana e à sensibilidade contemporânea”.
Ele acrescentou que esta lamentável realidade, porém, não surpreende, já que um dos fenômenos marcantes da cultura atual
“…é justamente o fechamento dos horizontes transcendentes, o fechar-se em si mesmo, o apego quase exclusivo ao presente, esquecendo ou censurando as dimensões do passado e, sobretudo, do futuro, que é sentido, especialmente pelos jovens, como obscuro e cheio de incertezas. O futuro além da morte aparece, nesse contexto, inevitavelmente ainda mais distante, indecifrável ou completamente inexistente”.
O Papa observou, no entanto, que a ressurreição dos mortos e a vida eterna estão no núcleo essencial da fé cristã, ligado diretamente à fé em Jesus Cristo Ressuscitado, e que esse núcleo precisa ser compreendido de modo mais dinâmico e instigante. Neste sentido, ele observou que a linguagem comumente usada na catequese torna a conceitualização da vida eterna quase incompreensível e até “monótona e repetitiva, chata, mesmo triste ou completamente insignificante e irrelevante para o presente“.
Contra essa visão “desestimulante” da vida eterna, Francisco mencionou São Gregório de Nissa, um dos Padres da Igreja, cuja visão da eternidade era
“…concebida como uma condição existencial que não é estática, mas dinâmica e vivaz. O desejo humano de vida e felicidade, intimamente ligado ao desejo de ver e conhecer a Deus, cresce continuamente (…), transcende qualquer conquista humana e constitui uma meta infinita e sempre nova”.
O Papa citou também São Tomás de Aquino, destacando o seu pensamento de que “na vida eterna acontece a união do homem com Deus numa ‘perfeita visão’ d’Ele“, uma reflexão que evoca “a beleza da eternidade“.
No final da mensagem ao cardeal Ravasi, o Papa Francisco pediu que se renove o interesse pela eternidade nos âmbitos teológico, formativo e catequético, além de encorajar estudos e pesquisas que aprofundem o conceito cristão da vida eterna.
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Com informações do Vatican News