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Comunidade maia se despede de menina migrante morta sob custódia nos EUA

MIGRANTS

Morena Perez Joachin - DPA

Agências de Notícias - publicado em 25/12/18

O corpo de Jakelin foi repatriado no domingo à Cidade da Guatemala

A pequena comunidade indígena guatemalteca de San Antonio Secortez se despede nesta segunda-feira (24) da menina Jakelin Caal, de sete anos, morta por causas não reveladas em um hospital dos Estados Unidos, após entrar clandestinamente no país juntamente com seu pai e ambos serem detidos pela patrulha fronteiriça.

O pai, Nery Caal, cruzou ilegalmente a fronteira americana com a filha através do árido deserto. Os dois foram detidos em 6 de dezembro no Novo México junto com outros 163 migrantes.

Depois da detenção, a menina teve febre, vômitos e convulsões, sendo atendida inicialmente por socorristas da patrulha fronteiriça para depois ser levada por via aérea a um hospital na cidade de El Paso, Texas, onde morreu em 8 de dezembro.

Embora a causa oficial da morte não tenha sido revelada, pois o caso segue em investigação, Jakelin teria morrido de “desidratação e choque”, segundo o jornal The Washington Post, que citou o serviço de vigilância de fronteiras dos Estados Unidos (CBP).

Nesta segunda, Felipe González Morales, relator especial da ONU sobre os direitos humanos dos migrantes, pediu por meio de um comunicado, em Genebra, que as autoridades americanas garantam a realização de “uma investigação exaustiva e independente da morte de Jakelin Amei Caal”.

O corpo de Jakelin foi repatriado no domingo à Cidade da Guatemala e, depois de uma longa viagem, chegou na madrugada desta segunda-feira à aldeia, onde recebe modestas homenagens fúnebres.

“Nunca pensamos que passaríamos um Natal triste”, disse à AFP Carlos Caal, tio da pequena, durante o velório nesta remota comunidade do município maia-q’eqchi’ de Raxruhá, 145 km ao norte da capital.

Ele acrescentou que espera se comunicar por videochamada com seu irmão, Nery, que ficou nos Estados Unidos com uma permissão concedida pelas autoridades migratórias.

– Por uma vida melhor –

Com mensagens como “te amamos” e “sentimos saudades”, escritas em balões e cartazes, familiares, amigos e vizinhos dão o último adeus à menina na residência de seus avós em Jakelin, que funciona como uma capela improvisada. A garota será sepultada no cemitério de Raxruhá no dia de Natal.

Carlos comentou ter recebido a solidariedade dos moradores da região que saíram para saudar a passagem do cortejo fúnebre que levou o caixão. Alguns doaram alimentos à família.

“Quase todo mundo sente a dor que nós sentimos”, acrescentou Carlos Caal na casa, que assim como a maioria das residências do local, é construída com paredes de madeira e teto de folhas de palma.

Em 30 de novembro passado, Nery Caal (29) partiu junto com a filha, Jakelin, rumo aos Estados Unidos, em busca de trabalho, relatou em idioma q’eqchi’ sua esposa e mãe da menina, Claudia Maquín.

Muitos dos moradores do local apenas sobrevivem com os seis dólares diários que conseguem como agricultores, sobretudo durante a colheita de milho.

“Eles (Nery e Jakelin) foram embora porque aqui o dinheiro não dá, foram procurar trabalho. Pena que a menina morreu”, acrescentou Fernando Cas, morador da aldeia vizinha de San Isidro, durante o funeral da menor.

Segundo uma pesquisa oficial, publicada em 2015, 59,3% dos 16,1 milhões de guatemaltecos vivem em condições de pobreza, que atinge quase 80% das comunidades indígenas.

Nery Caal e a filha faziam parte da caravana de milhares de migrantes centro-americanos que chegaram à fronteira do México com os Estados Unidos, um êxodo que levou o presidente Donald Trump a militarizar a região.

Os milhares de centro-americanos, principalmente de Guatemala, Honduras e El Salvador, se lançaram ao perigoso périplo, fugindo da violência e da pobreza que atinge boa parte da população do chamado Triângulo Norte Centro-americano.

Para atacar as causas da migração, os governos de Estados Unidos e México anunciaram a criação de um plano de desenvolvimento para a América Central.

(AFP)

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