Aleteia logoAleteia logoAleteia
Quarta-feira 22 Março |
São Basílio de Ancira
Aleteia logo
Histórias Inspiradoras
separateurCreated with Sketch.

Há 35 anos, S. João Paulo II encontrou e perdoou o homem que quase o matou

Papa João Paulo II e Ali Agca

Vatican Media

Reportagem local - publicado em 28/12/18

Dois tiros em plena Praça de São Pedro tinham levado o Papa à beira da morte num dia de N. Sra. de Fátima. “Uma mão disparou. Mas outra mão guiou a bala”.

Era 27 de dezembro de 1983 quando o Papa João Paulo II foi até o presídio de Rebibbia, em Roma, para se  encontrar com o presidiário turco Mehmet Ali Ağca.

Ali Ağca era terrorista. Ali Ağca tinha tentado matar o Papa, havia dois anos e meio, em plena Praça de São Pedro, no Vaticano.

Mas Ali Ağca não contava com duas coisas:

  • Primeiro, que justamente a bala com o maior potencial de matar o Papa fosse inexplicavelmente “desviada” dentro do seu próprio corpo por alguma “mão invisível“;
  • Segundo, que João Paulo II não apenas sobrevivesse e se recuperasse apesar de ter estado no limiar da morte, mas ainda fosse até o presídio romano para perdoar pessoalmente o homem que tinha tentado assassiná-lo.

Ali Ağca, afinal, tinha escolhido sem querer um dia especialmente emblemático para tentar matar um Papa cujo lema pontifício era “Totus tuus ego sum, Maria, et omnia mea tua sunt“: “Sou todo teu, Maria, e tudo o que é meu é teu“: o terrorista tinha tentado matar esse Papa profundamente devoto de Nossa Senhora em pleno dia de Nossa Senhora de Fátima, 13 de maio de 1981…

13 de maio de 1981: dois tiros atingem o Papa

Eram 17h19min, em Roma, naquele dia de Nossa Senhora de Fátima. Em pé na parte traseira do papamóvel, João Paulo II circulava lentamente pela Praça de São Pedro. O papamóvel parou e o papa se inclinou diante de uma menina de dois anos de idade que lhe estendia as mãos. João Paulo II a levantou nos braços, lhe deu um beijo e devolveu a criança aos pais com um sorriso.

De repente, um tiro.

Uma revoada de pombas assustadas agitou os ares do Vaticano.

Mais um tiro.

João Paulo II pendeu para o lado de seu secretário particular, o cardeal Stanislaw. Do local de onde os tiros tinham partido, levantava-se um tumulto em torno a um jovem que se debatia. Era Mehmet Ali Ağca, o agressor.

Às portas da morte

A primeira bala perfurou o cólon do papa, dilacerou em vários pontos o seu intestino delgado e lhe atravessou o corpo, caindo depois dentro do jipe. A segunda passou de raspão pelo cotovelo direito de João Paulo II, fraturou seu dedo indicador esquerdo e ainda feriu duas peregrinas norte-americanas.

O papamóvel arrancou em alta velocidade em direção aos Serviços de Atendimento de Emergência do Vaticano, onde o médico pessoal do papa, Dr. Renato Buzzonetti, já tinha sido chamado com urgência.

João Paulo II sangrava muito e foi levado de imediato para o Hospital Gemelli. A vida de um papa se apagava. Logo após a chegada ao hospital, o Santo Padre perdeu a consciência. Os médicos que realizaram a operação de emergência chegaram a confessar, tempos depois, que duvidavam da sobrevivência do papa devido à gravidade do ferimento e aos sérios problemas com a pressão sanguínea e com os batimentos cardíacos de João Paulo II. O Dr. Buzzonetti pediu ao cardeal Stanislaw que ministrasse ao papa a Unção dos Enfermos. Foram cinco horas extremamente tensas de operação e de espera. O mundo permanecia estarrecido. Terminada a intervenção dos médicos, chegou o aviso, ainda interno ao hospital, de que os procedimentos tinham corrido bem e de que as esperanças de recuperação tinham aumentado.

Novamente, Nossa Senhora

Our Lady of Fatima – Archbasilica of St. John Lateran
© Antoine Mekary / ALETEIA

O papa só pôde voltar ao Vaticano algumas semanas depois. Complicações, no entanto, o obrigaram a retornar ao hospital. Foi só no dia 14 de agosto, véspera da Assunção de Nossa Senhora, que João Paulo II deixou definitivamente a clínica Gemelli.

13 de maio, dia de Nossa Senhora de Fátima.

15 de agosto, dia da Assunção de Nossa Senhora aos céus.

João Paulo II sobreviveu a um atentado covarde e mortal em um dia dedicado a Maria. João Paulo II voltou recuperado ao Vaticano em outro dia dedicado a Maria.

A bala que atravessou o corpo do Santo Padre foi guardada e levada pessoalmente por ele próprio ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima, em Portugal, durante uma peregrinação de ação de graças pela proteção materna de Maria. O projétil foi incrustado na coroa de ouro da Santíssima Virgem de Fátima, na redoma de vidro da Capelinha das Aparições.

O perdão e o segredo

No dia 27 de dezembro de 1983, João Paulo II foi até o presídio de Rebibbia, em Roma, para se encontrar com Mehmet Ali Ağca.

Não foi o primeiro gesto cristão do Papa para com seu quase-assassino. Já em 17 de maio de 1981, apenas cinco dias após o atentado, o Papa recitava o Ângelus direto do hospital para os fiéis que estavam na Praça de São Pedro. Naquela ocasião, João Paulo II declarou:

“Rezo pelo irmão que me feriu, a quem perdoei sinceramente”.

No dia da visita ao presídio, num cômodo simples, sentado ao lado de Ağca e com a cabeça inclinada para ouvi-lo melhor, o Santo Padre se surpreendeu com uma pergunta feita pelo seu agressor:

“Por que o senhor não morreu? Eu sei que mirei certo. Eu sei que o projétil era devastador e mortal. Então por que o senhor não morreu”?

Não há registros gravados, evidentemente, da conversa particular que o papa teve com Mehmet Ali Ağca naquele dia em Rebibbia.

Em outra ocasião, porém, João Paulo II comentou sobre aquele impactante dia 13 de maio de 1981:

“Uma mão disparou. Mas outra mão guiou a bala”.
John Paul II and Mehmet Ali Agca – pt
© ARTURO MARI / OSSERVATORE ROMANO / AFP
Tags:
FátimaJoao Paulo IIMilagrePerdão
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia