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Mídia: “O Papa vai expulsar este cardeal do sacerdócio”. Será que é verdade?

MCCARRICK

© Mazur/catholicchurch.org.uk-(CC BY-NC-SA 2.0)

Reportagem local - Jaime Septién - publicado em 14/01/19

Na verdade, nem cardeal ele é mais. E os motivos são bastante sérios.

Theodore E. McCarrick foi nomeado cardeal pelo Papa São João Paulo II em 2001, quando era arcebispo de Washington, a capital dos Estados Unidos. Antes, McCarrick tinha sido bispo auxiliar de Nova Iorque (a partir de 1977), bispo de Metuchen, em Nova Jersey (a partir de 1981), e arcebispo de Newark, também em Nova Jersey (a partir de 1986). Foi no ano 2000 que ele passou a ser o arcebispo da capital norte-americana.

Um histórico de grande importância, certamente. Mas o histórico não foi suficiente para tornar McCarrick imune à verdade do que ele fez, independentemente dos cargos que lhe tinham sido confiados ao longo do tempo.

Theodore E. McCarrick foi “convidado” pelo Papa Francisco em julho de 2018 a renunciar ao Colégio dos Cardeais. Pouco depois, a arquidiocese de Washington o retirou a uma pequena comunidade rural de frades franciscanos capuchinhos no Estado do Kansas. Sobre ele, pesavam acusações muito graves. Agora, influentes veículos de comunicação dos Estados Unidos divulgam que é alta a probabilidade de que o antes poderoso cardeal McCarrick, já “rebaixado” do cardinalato, seja também expulso do sacerdócio. O respeitado The Wall Street Journal, por exemplo, escreveu em 5 de janeiro que uma decisão a esse respeito pode ser formalizada ainda neste mês.

Abusos sexuais

A razão é o envolvimento de McCarrick na grande crise que açoita a Igreja Católica nos Estados Unidos por causa da série de escândalos de abusos sexuais perpetrados por clérigos e acobertados por alguns bispos e arcebispos. McCarrick foi acusado de abuso contra seminaristas e contra um menor quando começou seu ministério sacerdotal. Segundo o portal de notícias Crux, porém, pode haver três casos de abuso sexual de menores cometidos pelo ex-cardeal. McCarrick negou tais abusos. Criminalmente, ele não pode mais ser processado porque os casos são muito antigos e estão prescritos, mas, canonicamente, o Vaticano não é limitado por prazos para expulsar um clérigo do exercício do ministério.

Profunda crise da Igreja nos EUA

A situação provocada nos Estados Unidos pelos abusos cometidos por clérigos é tão ignominiosa que o Papa Francisco reiterou não apenas que os casos comprovados devem levar à inapelável punição de todos os envolvidos tanto na esfera canônica quanto na civil, como ainda ordenou que todos os bispos dos EUA se reunissem num seminário perto de Chicago para fazer um retiro espiritual bastante específico: eles deveriam rezar, meditar e refletir sobre a crise causada pelos abusos sexuais do clero contra menores e definir medidas objetivas para combater e extirpar esse câncer moral do seio da Igreja de uma vez por todas e sem nenhuma exceção.


POPE FRANCIS

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Tolerância zero: medidas de alcance mundial

Além disso, Francisco convocou um encontro extraordinário, o primeiro desse tipo em toda a história da Igreja, com representantes de todas as conferências episcopais do mundo inteiro: o evento será no Vaticano, de 21 a 24 de fevereiro, e o tema é claro: proteger os menores dos abusadores e reforçar a política de tolerância zero contra esse crime e contra aqueles que o perpetram.




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Mas, afinal, o ex-cardeal pode ser expulso do sacerdócio?

Poder, pode. A chamada “redução ao estado laical” faz parte das previsões da Igreja para diversos tipos de casos – aliás, na maioria deles, não se trata de uma expulsão, mas do atendimento a um pedido do próprio sacerdote, que, diante da própria consciência, chegou ao discernimento de que em realidade não tem a vocação sacerdotal. Saiba mais sobre isto no seguinte artigo:




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A redução ao estado laical imposta pela Santa Sé, popularmente entendida como “expulsão”, está dentro das regras propostas pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé no caso, por exemplo, de um padre que

“por sua vida depravada, ou erros doutrinais, ou de outra forma grave, parece, depois de uma investigação necessária, que deve ser reduzido ao estado laico e ao mesmo tempo dispensado por misericórdia, para que não caia no perigo de condenação eterna”.

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