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A diferença entre depressão pós-parto e “matrescência”

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Natalia Deriabina - Shutterstock

Anna O'Neil - publicado em 18/01/19

A "matrescência" é um importante momento de transição com a chegada do bebê e às vezes se confunde com a doença depressiva

Eu ouvi tanto sobre o “instinto materno” quando estava grávida do meu primeiro filho que comecei a sentir que iria se manifestar como algum superpoder. Meu bebê e eu estaríamos tão conectados que eu saberia tudo que ele precisasse.

Mas isso não foi bem assim, como as mães mais experientes sabem. Acontece que muitas mulheres entram na maternidade com essa expectativa, e previsivelmente se sentem incompetentes quando a vida prossegue normalmente.

Alexandra Sacks, uma psiquiatra que trabalha com mulheres grávidas e pós-parto, diz que viu esse cenário se desenrolando em inúmeras mulheres:

Eu notei um padrão. É mais ou menos assim: uma mulher me liga, acabou de ter um bebê e ela está preocupada. Ela diz: “Não sou boa nisso. Não estou gostando disso. Tenho depressão pós-parto?”. Então vejo os sintomas desse diagnóstico, e fica claro para mim que ela não está com depressão, e digo isso para ela. Mas ela não se tranquiliza. “Isto não deveria me fazer sentir assim”, ela insiste. Então digo: “Tudo bem. Você esperava que fosse como?”. Ela diz: Pensei que ser mãe me faria sentir feliz e completa. Pensei que meus instintos naturalmente me diriam o que fazer. Pensei que sempre colocaria meu bebê em primeiro lugar”. Isso é uma expectativa irreal do que a transição para a maternidade deve ser… E eu não sabia como ajudá-las, porque falar que não estavam doentes não as fazia se sentirem melhores. Queria achar um jeito de normalizar esta transição, explicar que o desconforto não é o mesmo que uma doença.

Sacks então criou o termo “matrescência” (matrescence) para descrever a transição. Como a “adolescência”, a matrescência é caracterizada por um impulso e uma atração – a nova vida e a antiga identidade se afirmam. Você se lembra de quando era adolescente? Alguns dias você se sentiu crescido e pronto para enfrentar o mundo, e outros dias você estava apenas desejando que alguém aparecesse e fizesse as escolhas difíceis para você. Não há uma linha clara entre criança e adulto. Você não acorda um dia e, de repente, amadurece.

Bem, a maternidade é outro tipo de crescimento, e leva tempo e prática. Ajuda ter uma palavra para este momento único da vida, para lembrá-la de que o sentimento de frustração e confusão acaba por passar. Um dia você se sentirá confortável em sua maternidade para sempre. Você só pode não saber exatamente quando tudo mudou.

Se você perder a sua antiga vida alguns dias, a maneira como o seu corpo costumava parecer, as liberdades e escolhas que você costumava ter como garantidas (ver um filme no cinema quando você tem um recém-nascido? Você realmente quer ver o filme) – isso não significa que você não seja uma ótima mãe. Matrescência é um momento de transição, e as transições podem ser assustadoras e dolorosas, mas no final de tudo, há a paz e a confiança que você está procurando.

Matrescência pode ser um verdadeiro passeio de montanha-russa, mas os altos e baixos são normais, e você provavelmente nunca conseguirá entender tudo, mas também não sentirá altos e baixos tão dramáticos para sempre. Seja paciente consigo mesma, porque às vezes a mãe precisa crescer tanto quanto o bebê, e tudo bem.

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