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Missa: liturgia eucarística

PRIEST,EUCHARIST,HOST,CONSECRATION

Jeffrey Bruno | Aleteia

Padre Bruno Roberto Rossi - publicado em 17/02/19

Além do pão e do vinho, matérias do Sacrifício, os fiéis ofertavam alguns produtos

Hoje, entrarei na parte da Liturgia Eucarística, cujo significado é teologicamente muito rico e, por isso, merecedor de atenção.

É São Justino (†165) quem, no início do século II, descreve o momento chamado das ofertas – que parecia muito simples – com as seguintes palavras: “Quando cessamos de orar [a Oração da Comunidade – nota minha], são levados pão, vinho e água àquele que preside… o qual eleva aos céus orações e ações de graças” (Apologia I, 65. 67).

Além do pão e do vinho, matérias do Sacrifício, os fiéis ofertavam alguns produtos como leite, mel, frutas etc., a fim de servirem ao sustento da Igreja e dos mais necessitados da comunidade. Tais ofertas eram bentas antes do Pai-Nosso e distribuídas aos fiéis após a Missa em uma refeição fraterna (ágape). Com o tempo, se passou a coletar dinheiro por ser mais fácil e, embora tenha havido variações na forma de fazer a coleta ao longo dos anos, ainda hoje as contribuições são recolhidas no momento das oferendas.

Segue-se, após as ofertas, o Convite “Orai irmãos…” e a Oração sobre as oferendas, na Idade Média chamada de secretas, por ser, naquele tempo, feita em voz baixa. Importa lembrar que antes, porém, ainda durante o Canto das Oferendas, existem as Orações de oferta do Pão e do Vinho, introduzidas nos séculos IX e X e substituídas, no século XX, pelo Papa Paulo VI ao reformar a Liturgia. Vem dessa reforma a fórmula rezada hoje: “Bendito sejais Senhor Deus do Universo… pelo pão… pelo vinho…”, que são preces, certamente, proferidas pelos judeus do tempo de Jesus, de um modo especial por São José e Nossa Senhora, em suas refeições.

Aqui vale a pena refletir um pouco, ainda, sobre o que acontece, mas pode passar despercebido no momento do Canto das Oferendas, dado que esses acontecimentos têm um simbolismo muito profundo. Infundir água no vinho era comum nas refeições antigas, daí esse gesto ter passado para a Liturgia da Missa com belos significados teológicos.

Ei-los: 1) significa a natureza humana unida à natureza divina de Cristo no mistério da Encarnação. O significado é aceitável, pois os monofisistas (corrente que professava uma só natureza em Cristo, a divina) não misturavam água no vinho. Diante disso, o Concílio de Florença (1438) declarou esse rito de infusão obrigatório; 2) significa a participação dos cristãos na natureza divina, uma vez que, pelo Batismo, nos tornamos filhos no Filho (cf. Gl 4,5). Esta afirmação é também válida, de modo que Martinho Lutero, protestante, não aceitava a colocação da água no vinho, pois dizia ser o homem indigno de participar da comunhão com Deus. Em resposta, o Concílio de Trento (1545) declarou ser indispensável a mistura de água e vinho na preparação das oferendas.

Isto posto, comenta, de modo muito apropriado, Dom Estêvão Bettencourt, OSB, Curso de Liturgia, p. 90, que a atual Liturgia professa, ao mesmo tempo, as duas interpretações quando reza, na infusão da água no vinho: “Pelo mistério desta água e deste vinho possamos participar da Divindade do vosso Filho, que se dignou assumir a nossa humanidade”. E mais: “Em síntese, pode-se dizer que, mediante esse gesto tão simples, o eu do ofertante se deve mergulhar, como uma gota de água, no sacrifício de Cristo”.

Feita a oferta do pão e do vinho, o celebrante pode incensá-los e incensar também o altar como sinal de louvor a Deus (cf. Lc 1,9) por meio da prece dos cristãos (cf. Sl 139,2; Ap 8,3-4). Tem-se, em seguida, o momento da Purificação das mãos ou do Lavabo, que quer nos ensinar duas coisas: a) a teológica: ninguém deve tocar nas coisas santas a não ser com as mãos puras; b) a prática: purificar as mãos após ter tocado nos dons naturais outrora ofertados. Hoje, embora com sentido meramente simbólico no aspecto prático, o Lavabo não deve ser omitido pela razão teológica que traz consigo.

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