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De uma vítima de abuso para o Papa: “me chamaram de mentiroso e de inimigo da Igreja”

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Ary Waldir Ramos Díaz - publicado em 22/02/19

Fortes testemunhos das vítimas de abuso sexual aos bispos que participam do encontro sobre proteção a menores, no Vaticano

“A primeira coisa que fizeram foi me chamar de mentiroso, darem-me as costas e dizerem que eu e os outros éramos inimigos da Igreja”, disse um homem vítima de abusos, que agradeceu ao Papa Francisco pela oportunidade que teve de dar seu testemunho, através de mensagem de áudio, no encontro sobre a proteção dos menores na Igreja.

No início do encontro, o Papa convidou os bispos a ouvir as vítimas e o testemunho de quem passou pelo inferno dos abusos sexuais mas não perdeu a fé e, hoje, é capaz de rezar por quem não entendeu seus sofrimentos.

“Para um católico, é difícil falar sobre o abuso sexual. Mas, uma vez que alguém tem a coragem de contar, no meu caso, por exemplo, a primeira coisa que pensei foi que as pessoas da Igreja iam me ouvir e respeitar. Mas elas me chamaram de mentiroso […]”, disse uma vítima.

Os testemunhos em áudio-mensagem (com identidade protegida) das vítimas servirão de catequese e de terapia para eles e para membros da Igreja, além de serem pedras pesadas na indigesta consciência de quem não fez nada e se “livrou” do problema.

Vejas alguns trechos dos testemunhos:

Só pedir perdão não funciona

Uma vítima de abuso foi direta: “Perdões falsos, perdões obrigados já não funcionam. É preciso acreditar nas vítimas, respeitá-las e cuidar delas. É preciso estar com as vítimas, acompanhá-las”.

Bispo que encobre os casos é um assassino da alma

Palavras de quem foi queimado pela injustiça: “Vocês são os doutores das almas, no entanto, com exceções, se transformaram em assassinos das almas, em assassinos da fé. Que contradição mais espantosa!”

O que Jesus vai pensar disso?

A pergunta de um homem que ainda tem fé, apesar de tudo: “O que Jesus pensa, o que Maria pensa quando vê seus pastores serem os que traem as ovelhas. Eu lhes peço, por favor, que colaborem com a justiça, que tenham um especial cuidado com as vítimas”.

A ponta do iceberg

Estamos vendo, a cada dia, a ponta do iceberg. Quando a Igreja quer que se diga que isso já acabou, continuam aparecendo casos. Por quê? Porque é como se trata um câncer: tem que tratar o câncer inteiro, não apenas tirar o tumor; é preciso fazer quimioterapia, radioterapia, é preciso fazer tratamentos”.

Não podemos continuar com este crime

As vítimas pedem que a luta contra os abusos seja uma realidade. “Não podemos continuar com este crime, de encobrir os abusos na Igreja. Espero que Jesus e Maria os ilumine e que, de uma vez por todas, colaboremos com a justiça e extirpemos este câncer que está acabando com a Igreja. E é isso o que o demônio quer.”

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