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Cardeal Pell, condenado por abusos sexuais, se declara inocente e interporá recurso

Cardeal George Pell

AFP/EAST NEWS

Reportagem local - publicado em 26/02/19

Cautelarmente, o Papa Francisco proíbe que o cardeal exerça o ministério episcopal, visando garantir o transparente percurso da justiça

O cardeal George Pell, que já foi o responsável pela secretaria de assuntos econômicos do Vaticano, passou por julgamento na Austrália e foi declarado culpado por abusos sexuais cometidos contra menores de 12 e 13 anos, no início década de 1990, quando era bispo auxiliar de Melbourne. Embora a sentença tenha sido emitida em 11 de dezembro, o tribunal local havia proibido a divulgação de dados sobre o processo até a data de hoje, 26 de fevereiro de 2019.

George Pell tem 77 anos e continua declarando inocência.

Em resumo

Nomeado arcebispo de Melbourne em 1996, arcebispo de Sidney em 2001 e cardeal em 2003, Pell chegou a fazer parte, desde 2013, do Conselho de Cardeais que ajuda o Papa Francisco na reforma da Cúria Romana.

Em 2014, foi chamado a testemunhar diante da Real Comissão Australiana que investiga abusos sexuais. Entre dezembro de 2015 e fevereiro de 2016, foi acusado de acobertar sacerdotes que haviam perpetrado abusos contra menores na década de 1970. Em 29 de fevereiro de 2016, respondendo à comissão via teleconferência a partir de Roma, negou conhecimento dos fatos. Em outubro do mesmo ano, foi interrogado em Roma por autoridades judiciais australianas, dessa vez pela acusação de pedofilia na sua ex-diocese de Melbourne. Em junho de 2017, foi acusado formalmente de violência sexual contra um menor.

Pell deixou então a secretaria vaticana da economia para poder defender-se. Ele alega que as acusações são infundadas e declara considerar os abusos sexuais como “crimes horríveis”. De fato, condenou constante e severamente os abusos contra menores como “imorais e intoleráveis”. Defendeu a criação, em Roma, da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores. Antes, ainda como bispo na Austrália, tinha instituído procedimentos firmes para a proteção dos menores e para a assistência às vítimas de abusos.

A versão da defesa

Os advogados de Pell destacam que todas as acusações contra ele, exceto as que são objeto de recurso, já foram retiradas.

A audiência de condenação terá início nesta quarta-feira, 27. Em recurso, ainda sem data, Pell não será ouvido por um júri, mas por três juízes.

A reação dos bispos australianos

Dom Mark Coleridge, arcebispo de Brisbane e presidente da Conferência Episcopal Australiana, afirmou que a notícia da condenação de Pell chocou o mundo e em especial os bispos católicos australianos, que ressaltam que todos devem ser iguais perante a lei, expressam respeito pelo sistema jurídico australiano e se dizem convictos de que o mesmo sistema levará em consideração o recurso dos advogados de defesa do cardeal, esperando que se faça justiça imparcial. Os bispos também declaram rezar por todos os que sofreram violências, bem como pelos seus familiares, e reafirmam o compromisso de garantir que a Igreja seja um lugar seguro para todos.

A reação do Papa Francisco

Por meio do diretor interino da Sala de Imprensa da Santa Sé, Alessandro Gisotti, o Santo Padre assim se manifestou:

“A Santa Sé se une ao que foi declarado pelo presidente da Conferência Episcopal Australiana ao tomar conhecimento da sentença de condenação em primeiro grau do cardeal George Pell”. “Uma notícia dolorosa, que, bem o sabemos, chocou muitíssimas pessoas, não somente na Austrália. Como já afirmado em outras ocasiões, reiteramos o máximo respeito pelas autoridades judiciárias australianas. Em nome deste respeito, esperamos agora o êxito do julgamento da apelação, recordando que o cardeal Pell reiterou sua inocência e tem o direito de defender-se até o último grau”. “À espera do julgamento definitivo, nós nos unimos aos bispos australianos na oração por todas as vítimas de abuso, reiterando o nosso compromisso de fazer todo o possível a fim de que a Igreja seja uma casa segura para todos, especialmente para as crianças e os mais vulneráveis”. “Para assegurar o percurso da justiça, o Santo Padre confirmou as medidas cautelares já adotadas em relação ao cardeal George Pell pelo ordinário local quando de seu retorno à Austrália, ou seja, que, à espera da averiguação definitiva dos fatos, fica proibido ao cardeal Pell, a título de medida cautelar, o exercício público do ministério e, segundo a norma, todo e qualquer tipo de contato com menores de idade”.

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Com informações do Vatican News

Tags:
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