A ligação entre gratidão e o uso do celular não é realmente óbvia à primeira vista, mas é real
A dependência e o vício em smartphones é um dos grandes problemas de nosso tempo.
Juliette Lachenal, psicóloga e psicoterapeuta, fundadora do PepPsy, um programa francês de treinamento em vídeo, chama a atenção para o impacto que os smartphones têm no nosso modo de ser e de interagir com o mundo.
Ela adverte contra “um vício que nos impede de ser efetivos no trabalho, que nos impede de estar presentes naquilo que fazemos, que nos impede de aprofundar os relacionamentos humanos, e isso prejudica a vida interior”.
Segundo ela, essa dependência torna-se vício quando tem consequências em nossa vida pessoal, familiar e profissional: impaciência, irritabilidade, tristeza, isolamento… É por isso que ela nos convida a minimizar nossa dependência do smartphone com a ajuda de uma prática saudável, natural e positiva: gratidão.
Gratidão, chave para combater o vício em smartphones
Como você fica viciado em seu smartphone? Há uma razão bioquímica: a dopamina, também chamada de hormônio do prazer, é liberada em nosso cérebro pela chegada de mensagens e notificações, estimulando o cérebro e gerando um prazeroso, mas breve, estado de excitação. Isso é o que pode, às vezes, nos levar sistemática e impulsivamente a verificar nossos telefones a cada momento. O problema é que essas doses excessivas de prazer reduzem nossa sensibilidade à dopamina, aumentando nosso estado de estresse a longo prazo, insatisfação e mal-estar.
De acordo com Juliette Lachenal, se quisermos reduzir esse estado de estresse, precisamos primeiro aumentar nosso bem-estar. Então, poderemos nos libertar da fonte de dependência que cria esse estresse. “E é aí que a gratidão entra”.
Antes de pensar em limitar o uso do seu smartphone, você precisa se preencher com coisas boas. Isso requer aprender a reconhecer e saborear o que é bom na vida. Aprender a ser grato ajuda a aumentar nosso bem-estar.
Por um lado, cultivar gratidão aumenta nossa capacidade de encontrar alegria no presente, o que ajuda a reduzir o desejo de pegar nosso telefone; por outro lado, sentir-se grato causa a secreção de serotonina, o hormônio do bem-estar e da felicidade, reduzindo assim nossa necessidade dessas “injeções de prazer”.
Isso nos torna melhores em lidar com a frustração e reduz nossa necessidade de nos refugiarmos em nossa vida. Quimicamente falando, quando nosso cérebro secreta mais serotonina, precisamos de menos dopamina, então também precisamos menos do nosso smartphone!
A “batalha” entre neurotransmissores não para por aí. É mais fácil “ganhar” com gratidão porque os efeitos da serotonina são mais duráveis do que os gerados pela dopamina. Os benefícios da gratidão perduram, enquanto os prazeres imediatos de curto prazo levam a uma dose de estresse. É por isso que gratidão é uma arma tão eficaz.