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Hikikomori, um fenômeno que cresce cada vez mais

ADDICTION

Sergey Edentod - Shutterstock

Javier Fiz Pérez - publicado em 05/03/19

Embora tenha começado na sociedade japonesa, o problema que afeta especialmente adolescentes está se tornando uma pandemia global

Se uma pessoa se isolar voluntariamente em sua casa e não tiver nenhum tipo de trabalho ou atividade acadêmica ou social por pelo menos seis meses, ela pode estar sofrendo da Síndrome de Hikikomori.

O que é a síndrome de Hikikomori?

O termo Hikikomori foi cunhado pelo psiquiatra Tamaki Saito, no ano 2000 e significa separar, ficar isolado. É definido como uma forma voluntária de isolamento social ou de auto-aprisionamento, devido a fatores pessoais e sociais.

Afeta principalmente jovens adolescentes muito sensíveis, tímidos, introvertidos, com poucas amizades e com uma percepção do mundo exterior como algo violento que está contra eles.

A todos esses precedentes podem ser adicionados os maus relacionamentos dentro da família. Há uma incidência maior no sexo masculino.

A vida da pessoa com esse problema desenvolve-se em uma dormitório do qual ela não sai, geralmente encontrando refúgio em um mundo virtual, cercada por video-games, jogos e Internet, embora estudos recentes mostraram que apenas 10% das pessoas que sofrem desta doença usam a Internet para interagir com outros pessoas.

Isolamento social

O processo de isolamento é gradual e começa quando a pessoa começa a se retirar para o seu quarto cada vez mais, como se absorvida pela Internet, parando de se importar e de dedicar tempo às amizades, e começa a negligenciar os estudos. É nesse ponto que esse tipo de suicídio social começa.

Eles fazem tudo sem sair de casa, alterando até mesmo seus ritmos diários: dormem durante o dia, comem à tarde e passam a noite jogando video-game ou assistindo à televisão. Eles também negligenciam sua higiene e nem mesmo se comunicam com os familiares. Alguns causam medo nos pais e têm comportamentos agressivos; outros, são subjugados pela tristeza, obsessão, ansiedade e depressão desencadeadas pelo confinamento, chegando ao suicídio em alguns casos.

Embora este fenômeno venha do Japão e esteja associada à exigente, competitiva e individualista cultura japonesa, gradualmente se espalhou pelo mundo como uma pandemia, embora com características diferentes de acordo com cada lugar. Na Espanha, esta síndrome, também conhecida como “porta fechada”, já acumulou mais de 200 casos nos últimos anos. No Japão, os afetados são milhões.

A razão para não sair de casa é devido ao ímpeto de isolamento e um sentimento de apatia em relação ao mundo exterior, juntamente com o medo de deixar seu ambiente de proteção, sua pequena bolha de segurança.

Tipos de Hikikomori

Embora todos os casos de Hikikomori tenham o fator “isolamento” em comum, nem todos se realizam da mesma maneira ou no mesmo grau. Por exemplo, o junhikikomori ou pré-hikikomori sai de vez em quando e frequenta a escola ou universidade, mas evita qualquer tipo de relacionamento social.

O Hikikomori social, que rejeita trabalhos e estudos, mantém algumas relações sociais, mesmo que seja através da internet. Por outro lado, o Tachisukumi-gata apresenta uma fobia social muito forte e sente-se paralisado pelo medo.

Por fim, há o Netogehaijin, traduzido como “zumbi”. São os que estão completamente confinados e dedicam todo o seu tempo ao computador e outros meios digitais à sua disposição.

Causas do Hikikomori

As causas que supostamente desencadeiam esse distúrbio são atualmente meras hipóteses. Alguns pensam que seja a tecnologia e o mundo virtual de que os jovens vivem cercados, perdendo o contato com a realidade.

Mas outros apontam para fatores familiares (pressão excessiva dos pais pelo sucesso do filho na vida e comunicação precária dentro da família) e socioeconômico: social em termos de pressão da sociedade no sentido de conformidade e uniformidade e rejeição às diferenças (isso acontece marcadamente na sociedade japonesa) e econômico em relação aos horários de trabalho dos pais, impedindo-os de passar tempo com seus filhos, juntando-se a isso a falta de comunicação familiar.

Socializar, educar, ensinar os valores que devem guiar nossas vidas, ensinar o amor. Quantos valores cristãos são remédios para esse grave problema de uma sociedade que tende a valorizar o material acima de tudo, sem analisar as implicações pessoais e sociais desse estilo de vida?

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