Os dois, assim como o seu irmão do meio, tinham sido adotados cada um por uma família diferente quando ainda eram bebêsO empresário catarinense Antônio Nunes, que tem 35 anos e é conhecido pelos amigos como Tonho, viveu em fevereiro deste ano uma das mais improváveis reviravoltas que poderiam ocorrer na trajetória de uma pessoa da vida real: ele descobriu que um funcionário recentemente contratado para trabalhar na sua empresa era ninguém menos que o seu próprio irmão caçula, com quem nunca havia tido contato em mais de 30 anos.
Sem condições de cuidar das crianças, a mãe de Tonho, Jefferson e Maicon tinha deixado o primeiro filho para ser criado pela avó, enquanto o do meio e depois o caçula foram entregues em adoção, cada um a uma família diferente.
O reencontro dos irmãos maiores
Tonho e Jefferson se reencontraram há cerca de três anos porque a família adotiva do segundo irmão conhecia os parentes do mais velho. Juntos, eles começaram a buscar o caçula, que nem sequer tinham chegado a conhecer: quando Maicon nasceu, os dois maiores já tinham sido entregues às suas novas famílias.
A única pista que tinham de Maicon era vaga: o fato de que a sua adoção havia sido intermediada por uma cabeleireira, funcionária, na época, da antiga rodoviária de Blumenau. Ao conversarem com ela, souberam que o seu último contato fortuito com Maicon tinha ocorrido num domingo de eleição, no Centro de Educação Profissional (Cedup) Hermann Hering.
A inacreditável descoberta do caçula desconhecido
Tonho, que tem uma distribuidora de gás, fazia pessoalmente as entregas do produto a uma empresa cujo conferente se chamava Maicon Luciani, de quem acabou ficando amigo. Ao saber, no final do ano passado, que Maicon tinha perdido o emprego, Tonho ofereceu-lhe vaga na sua própria empresa, onde Maicon passou a trabalhar neste último janeiro.
Em fevereiro, Tonho precisou buscar um funcionário no Paraná e Maicon o acompanhou na viagem, para conhecer o processo de envasamento dos botijões. Durante as horas de conversa ao longo do trajeto, Maicon acabou comentando que o seu sobrenome, antes de ser adotado, “também” era Nunes.
Quem relata a continuação da história é o próprio Tonho, com alegria contagiante, em entrevista ao site da rede NSC:
“Ele continuou a falar que o nome da mãe biológica dele era Sulimar e que havia sido adotado através de uma cabeleireira que trabalhava na rodoviária. Aí eu perguntei:
– O nome do teu pai não era João?
Ele disse sim. Eu perguntei:
– Tu encontrou a cabeleireira no dia da eleição no Cedup?
Ele disse sim. Aí eu falei:
– Gordo, tu és o meu irmão!”
Maicon não conseguia acreditar, mas se rendeu à realidade ao constatar que todas as informações do empresário estavam corretas.
Tonho, entre a felicidade e o assombro, reflete sobre a surpresa reservada a eles pela vida:
“Tão perto e, ao mesmo tempo, tão longe! É estranha a sensação… Moramos sempre em bairros vizinhos! Eu sempre procurando e nunca havia passado na minha cabeça que o cara estava do meu lado!”
De fato, durante a vida inteira, os dois irmãos que não se conheciam tinham morado a menos de 5 quilômetros um do outro.
Dizem que “os verdadeiros amigos são irmãos que a gente escolhe“. Tonho e Maicon podem testemunhar que, pelas linhas tortas em que Deus escreve certo, também “os verdadeiros irmãos podem ser amigos que a gente escolhe“.