Córneas do jornalista que sobreviveu à tragédia aérea da Chape e morreu jogando futebol serão doadas: Rafael parece que insiste, sempre, de alguma forma surpreendente, em sobreviverEstá sendo velado na manhã desta quarta-feira, 27, o corpo do jornalista Rafael Henzel, que morreu às 21h10 desta terça-feira, 26. Por meio de nota, o Hospital Regional do Oeste, em Chapecó, SC, comunicou que Rafael chegou à unidade com parada cardiorrespiratória, “vítima de um mal súbito durante jogo de futebol com amigos e colegas de imprensa de Chapecó“.
Sobrevivente
O velório, aberto ao público nesta manhã, acontece no Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, ao lado da Arena Condá. É mais um dos inúmeros vínculos de Rafael com a Associação Chapecoense de Futebol: o jornalista era um dos quatro brasileiros que tinham sobrevivido à tragédia aérea sofrida pela Chape em 28 de novembro de 2016, quando perderam a vida 71 pessoas a bordo do voo LaMia 2933, que levava a delegação para a final da Copa Sul-Americana em Medellín, na Colômbia.
Uma cerimônia em homenagem ao jornalista deverá ocorrer às 16h, seguida pelo sepultamento no Cemitério Parque Jardim do Éden. O súbito falecimento do jornalista sobrevivente de 45 anos causou grande comoção nas redes sociais. A prefeitura de Chapecó decretou luto oficial de três dias.
Rafael Henzel deixa a esposa, Jussara, e o filho Otávio, de 10 anos. Por ocasião do acidente, ao falar sobre os momentos dramáticos em que as notícias ainda eram desencontradas, Otávio tinha emocionado o mundo ao declarar que “sentia que o pai estava vivo”.
“Viva Como se Estivesse de Partida”
Particularmente chamativo é recordar que Rafael tinha consciência da fugacidade da vida neste mundo e parecia preparado para partir a qualquer momento.
Em 2017, ele tinha lançado o livro “Viva Como se Estivesse de Partida“, no qual contava a sua experiência pessoal de reavaliação da vida após a improvável sobrevivência a uma catástrofe aérea.
Olhos que sobreviverão
Nesta madrugada, os médicos de Chapecó fizeram uma cirurgia para retirar as córneas de Rafael, com autorização da família, para serem doadas e transplantadas em algum dos pacientes em fila de espera.
Rafael parece que insiste, sempre, de alguma forma surpreendente, em sobreviver.