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Tempos “duros demais” após o referendo para a independência de Timor

NUN,PRAYING,CHURCH

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Fundação AIS - publicado em 28/03/19

Tempos difíceis que fizeram crescer a sua fé e admiração pelo trabalho da própria Igreja

A apresentação da Campanha da Quaresma da Fundação AIS, de apoio às religiosas em todo o mundo, e que decorreu ontem em Lisboa, ficou marcada pelo testemunho da Irmã Maria Mendes, das Missionárias Servas do Espírito Santo.

Evocando o período difícil vivido em Timor-Leste em 1999, após o referendo que haveria de abrir caminho para a independência do país face à Indonésia, a Irmã Maria Mendes falou da sua própria experiência e do papel desempenhado pela Igreja junto do povo timorense.

“A experiência que vivi e os factos que presenciei, especialmente em 1999, foram duros demais”, afirmou esta irmã que trabalha actualmente como assistente social na Paróquia de São Nicolau, em Lisboa, junto de “famílias carenciadas”.

Sobre esses anos “duros”, a Irmã Maria Mendes lembrou que o “povo passou pela experiência de muita dor, desespero, tristeza, sofrimentos e uma situação de trevas”.

Tempos difíceis que fizeram crescer a sua fé e admiração pelo trabalho da própria Igreja. “Os religiosos e religiosas que trabalhavam então em Timor Leste – explicou a Irmã –, trouxeram perdão, paz, esperança, consolo e alegria”.

Alguns, acrescentou, deram “a própria vida” nesses tempos conturbados em que o povo timorense, profundamente cristão, aspirava legitimamente à independência face à gigante Indonésia, o maior país muçulmano do mundo.

Memórias únicas de tempos difíceis que a irmã Maria Mendes partilhou no lançamento da Campanha da Quaresma da Fundação AIS de apoio precisamente às religiosas em todo o mundo.

“Naquele momento, eu tinha a certeza de que Deus estava comigo. Senti muita força e coragem para lutar e estar ao lado do povo”, lembrou esta Missionária Serva do Espírito Santo perante algumas dezenas de pessoas que se deslocaram ontem à tarde ao auditório do Colégio das Irmãs de São Vicente de Paulo, ao Campo Grande, em Lisboa.

“Fiquei no meio das pessoas que fugiam e acompanhei-as rezando o terço”, disse a irmã, acrescentando sempre alguns pormenores desses tempos “duros demais” que acabaram por moldar a sua vida e a sua experiência como religiosa. “Ficámos sempre em oração, entregando tudo nas mãos de Deus.”

A Irmã Maria Mendes acabaria por ter de fugir do território, “escondida numa ambulância”, rumo às Filipinas e depois a Portugal, “terra do meu sonho”. Odivelas e Casal de Cambra foram dois dos lugares por onde já passou e onde procura cumprir todos os dias o chamamento à vida religiosa que diz ter sentido em Timor quando era uma jovem rapariga de apenas nove anos de idade.

A apresentação da Campanha Internacional da Quaresma contou ainda com a presença de Catarina Martins de Bettencourt, directora da Fundação AIS em Portugal, que enfatizou a necessidade de todos ajudarem as irmãs a concretizarem o “trabalho extraordinário” que realizam todos os dias em todo o mundo.

A directora do secretariado português da Ajuda à Igreja que Sofre lembrou o forte empenho da instituição no auxílio às religiosas nos vários continentes.

Actualmente, disse, “mais de 11 mil religiosas em 85 países são já apoiadas pela Fundação AIS”, o que significa sensivelmente “que uma em cada 60 irmãs desenvolve o seu trabalho, a sua missão, graças também à generosidade dos benfeitores e amigos da AIS”.

Há cerca de 660 mil religiosas em todo o mundo. A Campanha internacional que a Fundação AIS está a promover na Quaresma deste ano tem como propósito principal ajudar a conhecer melhor o trabalho, o esforço, a dedicação destas mulheres que decidiram entregar as suas vidas a Deus através do serviço à Humanidade.

“São mulheres extraordinárias que fazem, tantas vezes no mais absoluto anonimato, um trabalho insubstituível”, disse ainda Catarina Martins de Bettencourt. “Elas são responsáveis por creches, orfanatos, escolas, instalações médicas e paróquias. Muitas vezes arriscam a própria vida para cumprirem as suas missões.”

Na sessão de apresentação da campanha foram visualizados alguns vídeos com histórias de irmãs cujas congregações são já apoiadas a nível internacional pela Fundação Ajuda à Igreja que Sofre.

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