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Egito: autoridades regularizam quase mil igrejas nos últimos três anos

EGYPT

Shutterstock-Dereje

Fundação AIS - publicado em 02/05/19

Isso significa que, a partir de agora, são considerados como espaços legais para a prática do culto cristão

Quase mil igrejas cristãs foram regularizadas pelo governo egípcio nos últimos 3 anos, ultrapassando-se assim a situação delicada em que se encontravam por falta de legalização administrativa.

O departamento especial do governo para a construção e gestão de locais de culto, aprovou durante o mês de Fevereiro 111 lugares de culto, elevando-se assim para 984 o número de igrejas já regularizadas nos últimos três anos.

Estas igrejas receberam a luz verdade das autoridades o que significa que, a partir de agora, são consideradas como espaços legais para a prática do culto cristão. Estes templos foram objecto, durante os últimos três anos, de obras diversas. Em alguns casos procedeu-se ao restauro dos edifícios, outros houve, porém, que foram construídos de raiz.

A legalização dos templos é muito importante para a comunidade cristã pois a situação ambígua em que se encontravam funcionava como pretexto para ataques de grupos radicais.

De facto, nas últimas décadas, como nota a agência Fides, “muitos locais de culto cristão foram construídos de forma espontânea, sem todas as autorizações necessárias”. São precisamente esses edifícios, que nasceram de forma espontânea pela vontade da comunidade local que têm servido de pretexto para actos de violência e de intimidação por parte de grupos radicais islâmicos.

A nova lei em vigor, aprovada em 2016, significou uma evolução muito significativa para a comunidade cristã que estava constrangida, pela legislação anterior, a respeitar um conjunto muito restritivo de regras que, na prática, impediam a construção de novas igrejas.

A lei anterior, que remontava à década de trinta do século passado, proibia por exemplo a construção de novas igrejas na proximidade de estabelecimentos de ensino, edifícios governamentais, zonas residenciais e até de ferrovias. A aplicação rigorosa dessas leis impediu a construção de novos templos em bairros habitados por cristãos, especialmente na região do Alto Egipto e foi pretexto para situações de intimidação e de violência.

Ainda recentemente, em Dezembro e Janeiro, a Fundação AIS dava conta de que as autoridades tinham encerrado quatro igrejas em aldeias onde os cristãos estavam a ser ameaçados por grupos radicais nesta região do Alto Egipto.

As aldeias onde se registaram as manifestações violentas contra a presença cristã foram Abo Karkas, Kafr el-Mansoura, Kom Al-Raheb e Manshiyet Zafarana. Em todas estas localidades, largas dezenas de extremistas islâmicos manifestaram-se agressivamente contra  comunidade cristã obrigando a polícia a intervir.

Em qualquer destes casos, que ocorreram nos dias 9 e 27 de Dezembro, e 7 e 11 de Janeiro, as autoridades não reconheceram aos cristãos o direito de se reunirem em oração naqueles espaços e, como consequência, as igrejas foram encerradas.

A atitude das autoridades revoltou a comunidade cristã pois as pretensões dos manifestantes foram atendidas prontamente pela polícia sem que o direito dos cristãos de se reunirem publicamente em oração tivesse sido defendido.

Os locais de culto encerrados pela polícia aguardavam então legalização oficial. A violência contra os cristãos faz parte do quotidiano do Egipto e não são apenas os incidentes em torno das igrejas a preocuparam a comunidade.

Já no final do ano passado, em Novembro, um atentado contra peregrinos que regressavam do mosteiro de São Samuel, na diocese de Minya, e que causou sete mortos, é bem revelador de como a minoria cristã continua à mercê de ataques terroristas.

Posteriormente, e já este ano, na véspera das celebrações do Natal, que no Egipto se assinalou em 7 de Janeiro, explodiu uma bomba colocada numa igreja  no distrito de Nasr, no Cairo, vitimando um agente da polícia.

Ainda recentemente o jornal Al-Nahar, citando fontes do exército, assegurava que “a maioria” dos grupos extremistas que actuam no Egipto tem precisamente como alvo “locais de culto” da comunidade cristã.

Recorde-se que o ataque de Novembro ao autocarro de peregrinos oriundos do mosteiro de São Samuel foi prontamente reivindicado pelo auto-proclamado Estado Islâmico que, tal como outros grupos jihadistas, tem reclamado a maioria dos atentados contra a minoria cristã do Egipto, onde se inclui um outro ataque também a um autocarro de peregrinos – e também oriundo do mosteiro de São Samuel – que causou quase três dezenas de mortos em Maio de 2017.

Ainda nesse ano de 2017, mas em Abril, no Domingo de Ramos, dois atentados em duas igrejas coptas  causaram cerca de sete dezenas de mortos e mais de uma centena de feridos.

(Departamento de Informação da Fundação AIS)

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