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Como a Missa me ajuda a brincar melhor com meus filhos

CHURCH LEGOS

Iyan Ha | Flickr CC by ND 2.0

Michael Rennier - publicado em 10/05/19

Nós podemos aprender muito com nossos filhos - ou seja, é hora de falar sério sobre a importância de brincar

Quando eu era criança, eu nunca “brincava de igreja”. Eu não tinha muito em termos de matéria-prima imaginativa, porque a igreja que frequentávamos era um grande armazém adaptado, e o serviço religioso era meia hora de música seguida por um demorado sermão. O pastor usava roupas comuns e tudo era o mais parecido possível com a vida cotidiana.

Mas desde que me tornei católico e pai, é fascinante ver meus filhos seguirem um caminho diferente do meu. Eles regularmente teatralizam e brincam de missa em casa, o que parece ser bastante comum entre crianças católicas. Agora temos inclusive um conjunto de brinquedos com a maioria dos objetos de que eles precisam. E em cima disso eles criam. Já construíram até uma catedral de Lego com fileiras de bancos e pessoas rezando.

Embora eu tenha boas lembranças de brincar de faz de conta quando criança, essa fase da vida é deixada para trás quando nos tornamos adultos, pois cada dia se torna regularmente uma longa lista de tarefas. Embora a maioria dos especialistas em educação reconheça a importância das brincadeiras imaginativas para o desenvolvimento infantil, elas não são consideradas uma parte essencial de um dia típico de um adulto. Enquanto observo meus filhos explorando e imaginando seu enredo da Missa, no entanto, pergunto-me se nós, adultos, poderíamos aprender algo com eles. O que há na Missa que a torna tão diferente da minha experiência de infância na igreja? Poderíamos ganhar algo envolvendo a Missa no universo das brincadeiras de imaginação?

Quanto mais eu ponderei isso, mais eu comecei a entender o valor das brincadeiras imaginativas, não apenas para as crianças, mas também para os adultos.

A missa é um mundo totalmente diferente do que é encontrado fora das portas de uma igreja. Um católico é cercado por obras de arte, vitrais, padres vestidos com roupas únicas, diferentes, mas bonitas, incenso, velas e sinos. Todo sentido físico é exercido – vemos a obra de arte, o sacerdote e os servidores do altar, ouvimos o canto, cheiramos o incenso, provamos e tocamos a Eucaristia. O apelo sensorial constitui a base para a nossa imaginação começar a funcionar.

Pense na brincadeira de uma criança. Não tem nenhum objetivo direto. Não cria empregos, não cria algo utilitário nem gera riqueza. As crianças fazem isso simplesmente porque é divertido e interessante para elas. A brincadeira imaginativa aponta para um fato incrivelmente importante sobre nós – que os humanos são mais do que mera sobrevivência. Estamos aqui para rir e amar, para buscar beleza e bondade, para ter esperança e sonhar. Há algo sobre a alma humana que é mais do que a mera utilidade. O teólogo Romano Guardini escreve: “Isto é o que significa brincar; é a vida, derramando-se sem objetivo, agarrando-se às riquezas de seu próprio estoque abundante, significativo pelo fato de sua existência”.

O brincar usando a imaginação nos torna conscientes de nossa natureza profunda, de uma vida interior repleta de riquezas. Estudos mostram que, quando as crianças brincam, elas se tornam melhores em pensar e traçar diferentes possibilidades e imaginar todo tipo de cenário. A missa é como todos nós, adultos e crianças, consideramos a maior de todas as possibilidades, que Deus é real e que fomos criados por uma razão.

Se Deus Pai pode se relacionar com seus filhos através de brincadeiras, então eu também posso me relacionar com meus filhos através de brincadeiras. Com eles, intencionalmente entrei em uma segunda infância. Brincamos, teatralizamos, vamos à Missa e sonhamos com o futuro. Eu entendi que isso não é perda de tempo, e eu nem sempre preciso ensiná-los ou prepará-los para uma vida adulta eficiente e prática. Em vez disso, podemos procurar os tesouros enterrados no tecido do universo que tornam a vida tão especial. Vivemos neste mundo, mas também pretendemos transcendê-lo. Enquanto oramos e brincamos, tornamo-nos pais melhores. É hora de os adultos começarem a brincar mais a sério.

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CatecismoEducaçãoMissa
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