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8 regras de Santo Inácio para o discernimento

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Philip Kosloski - publicado em 16/05/19
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Aqui estão as oito regras para o discernimento de espíritosEnquanto estava prostrado por causa de uma lesão grave, Santo Inácio de Loyola, começou a se perguntar sobre o estado de sua própria alma e os diferentes sentimentos que ele tinha ao tomar decisões. 

Em sua autobiografia, ele escreveu a seguinte revelação (em terceira pessoa): 

“ Mas não olhava nele, nem parava para ponderar esta diferença, até que certa vez se lhe abriram os olhos e começou a maravilhar-se com esta diversidade e a fazer reflexões sobre elas. Tomando como experiência alguns pensamentos que o faziam triste e outros que o faziam alegre, pouco a pouco foi conhecendo a diversidade dos espíritos que o agitavam, um do demônio, outro de Deus.”  

Esta revelação o acompanhou para o resto da vida e foi desenvolvida mais extensamente em seus Exercícios Espirituais, em que Santo Inácio oferece uma série de normas concretas para ajudar uma alma perturbada a discernir os movimentos (ou “moções”) do coração e saber se esses movimentos são influenciados por um espírito maligno ou benigno. 

Aqui estão as oito regras para o discernimento de espíritos:

Primeira regra – É próprio de Deus e de seus anjos, em suas moções, dar verdadeira alegria e gozo espiritual, tirando toda a tristeza e perturbação que o inimigo incute. Deste é próprio lutar contra esta alegria e consolação espiritual, aduzindo razões aparentes, sutilezas e frequentes ilusões.

Segunda regra – É próprio unicamente de Deus Nosso Senhor dar consolação à alma sem causa precedente, porque é próprio do Criador entrar, sair, causar nela moções, atraindo-a toda para o amor de Sua Divina Majestade. Digo sem causa, isto é, sem nenhum prévio sentimento ou conhecimento de objeto algum de que provenha tal consolação, mediante atos seus de entendimento e vontade.

Terceira regra – Com causa, podem consolar a alma tanto o bom anjo como o mau, para fins contrários: o bom anjo, para proveito da alma, para que cresça e suba de bem a melhor; o mau, para o contrário e, posteriormente, para arrastá-la à sua perversa intenção e malícia.

Quarta regra – É próprio do anjo mau, que se disfarça em anjo de luz, entrar no sentido da alma devota e sair no seu próprio, isto é, suscitar pensamentos bons e santos, conformes com a tal alma justa, e depois procurar pouco a pouco atingir seus objetivos, arrastando a alma a seus enganos secretos e perversas intenções.

Quinta regra – Devemos atender muito ao decurso dos pensamentos. Se o princípio, o meio e o fim são todos bons, inclinados inteiramente para o bem, é sinal do bom anjo. Mas se o decurso dos pensamentos sugeridos termina em alguma coisa má ou que distrai ou que é menos boa do que a que a alma se propusera anteriormente fazer, ou enfraquece ou inquieta ou conturba a alma, tirando-lhe a paz, tranquilidade e quietude que antes possuía, então é sinal claro de que provém do mau espírito, inimigo de nosso proveito e salvação eterna.

Sexta regra – Quando o inimigo de natureza humana for sentido e reconhecido por sua cauda de serpente e pelo fim mau a que induz, é útil para a pessoa que foi por ele tentada observar logo a sequência dos pensamentos bons que lhe trouxe e o princípio deles e como, pouco a pouco, procurou fazê-la descer da suavidade e gozo espiritual em que se encontrava, até leva-la à sua intenção depravada, para que, com essa experiência conhecida e notada, a pessoa se guarde para o futuro de seus costumeiros enganos.

Sétima regra – Nos que progridem de bem para melhor, o bom anjo toca a alma de maneira doce, leve e suave, como a gota d’água que penetra numa esponja. O mau toca-a de modo agudo, com ruído e agitação, como a gota d’água que cai na pedra. Aos que vão de mal a pior, os mesmos espíritos os tocam de maneira inversa. A causa disso está em ser a disposição da alma contrária ou semelhante a estes anjos, pois, quando é contrária, entram com estrépito e com sinais sensíveis, perceptivelmente, e, quando é semelhante, entram em silêncio, como em sua própria casa de porta aberta.

Oitava regra – Quando a consolação é sem causa, embora não exista nela engano, por proceder unicamente de Deus Nosso Senhor, como se disse, contudo a pessoa espiritual, a quem Deus dá tal consolação, deve com muita vigilância e atenção considerar e discernir o tempo propriamente dito da atual consolação, do tempo seguinte, em que a alma continua ardente e favorecida com o benefício e remanescentes da consolação anterior. Pois muitas vezes, neste segundo tempo, ela, julgando a partir de seus próprios hábitos e deduções dos conceitos e juízos, ou por efeito do bom ou do mau espírito, formula diversos propósitos e opiniões, que não são dados imediatamente por Deus Nosso Senhor. Por isso, é necessário que sejam muito bem examinados, antes de se lhes dar inteiro crédito ou de serem postos em prática.