O andamento das investigações é bastante precário, mas, segundo o bispo local, a magia negra é a principal hipótese no momentoNo último dia 20 de maio foi encontrado decapitado o corpo da irmã Inés Nieves Sancho, 77 anos, religiosa espanhola das Filhas de Jesus que trabalhava em Nola, na República Centro-Africana, perto da fronteira com Camarões. A freira preparava jovens carentes para trabalhos profissionais de costura e foi martirizada no próprio local de trabalho, por desconhecidos, na noite de domingo para segunda-feira.
Descrita pelo jornal vaticano L’Osservatore Romano como “delicada, gentil e absolutamente pacífica“, a religiosa trabalhava havia décadas em um dos países mais pobres do planeta e não pretendia sair da República Centro-Africana enquanto tivesse forças para continuar trabalhando.
Nenhum grupo reivindicou a autoria do assassinato bárbaro. A hipótese dominante, inicialmente, era a do comércio de órgãos humanos, mas essa possibilidade já foi descartada, de acordo com dom Juan José Aguirre, bispo da diocese de Bangassou.
Entretanto, a principal hipótese em consideração agora é ainda mais horrenda: a de um sacrifício em ritual de magia negra. A ocorrência de rituais de oferta de sangue, inclusive humano, é reconhecida na região como um meio para se obter “boa sorte” e riqueza. O próprio dom Aguirre explica:
“Nesta área, localizada no oeste do país, na fronteira com Camarões, existem minas de diamantes e pessoas que usam bruxaria. Elas acreditam que o sangue fresco, até mesmo de seres humanos, lhes traz sorte na busca por essas pedras preciosas”.
Segundo matéria do diário vaticano, chega a acontecer até mesmo que os próprios pais matem algum filho para conseguir fortuna. O jornal observa ainda que essa prática vem do vizinho Camarões.
As Filhas de Jesus fizeram uma vigília de oração na noite da segunda-feira, 20, e realizaram o funeral da irmã Inés na terça, 21 (foto em destaque ao início desta matéria).
Na Audiência Geral da quarta-feira passada, 22 de maio, o Papa Francisco fez questão de mencionar o assassinato e de rezar por ela uma Ave-Maria junto com os fiéis presentes no Vaticano.
O assassinato covarde e brutal da irmã Inés foi nada menos que o 13º crime contra cristãos na África só nos primeiros 20 dias do mês de maio de 2019.