A assinatura de um ato de Consagração do Brasil ao Imaculado Coração de Maria, realizada no Palácio do Planalto neste último dia 21 de maio, contou com a presença de dom Fernando Arêas Rifan, ordinário da Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, e do presidente da República, Jair Bolsonaro.
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Na mesma data, começaram a surgir nas redes sociais tanto manifestações de apoio quanto críticas e questionamentos sobre a validade do ato.
Para esclarecer as dúvidas, a agência católica ACI Digital entrevistou o pe. Augusto Bezerra, bastante conhecido pelo apostolado nas redes sociais.
Confira a seguir os pontos destacados pela reportagem.
Sobre o ato de consagração
- O ato de consagração do Brasil foi um pedido da Frente Parlamentar Católica, representada na ocasião pelo deputado Eros Biondini (PROS-MG).
- Durante o ato, foi rezado um mistério do terço sob a presidência do diácono Nelson Correa, da Comunidade Canção Nova, seguida de um canto de consagração entoado pelos presentes.
- O pe. Oscar Pilloni, que falou da devoção a Maria no Brasil e da sua importância na vida dos brasileiros, afirmou que, nesta ocasião, foi renovada a solene Consagração do Brasil que já havia sido feita ao Imaculado Coração de Maria.
- Segundo os organizadores, consagrar o Brasil ao Imaculado Coração seria uma resposta ao pedido de Nossa Senhora em Fátima: que o mundo fosse consagrado ao seu Imaculado Coração, especialmente a Rússia.
- Críticas de internautas afirmavam que o ato em Brasília não teria utilizado a fórmula de consagração das nações ao Imaculado Coração de Maria, nem contado com a presença do colegiado de bispos.
Esclarecimentos do pe. Augusto Bezerra sobre o rito
“A consagração a Nossa Senhora não é um rito sacramental, no sentido de haver rubricas inamovíveis, fixas, que devem ser obedecidas com rigor ou do contrário a mesma seria inválida. Note-se que existiram várias formas de Consagração a Nossa Senhora na história da Igreja e existem formas diferentes em muitos lugares do mundo ainda hoje. Essas tradições vão se moldando segundo a devoção popular”.
Ele citou, como diversos exemplos de fórmulas de consagração mariana, o conhecido método proposto por São Luis Maria Grignon de Montfort em seu tratado e a consagração a Maria logo após o batismo de uma criança:
“A consagração das crianças após a celebração do sacramento do batismo é um bom exemplo. Os cantos ou as fórmulas podem variar de uma Igreja particular para a outra e, ainda assim, todas são igualmente válidas. É preciso mudar esta ideia de que existe uma única maneira, rígida, litúrgica, para a consagração a Nossa Senhora, até porque esta é uma paraliturgia”.
Sobre a relevância do gesto realizado por um governo, o sacerdote considerou:
“Devemos considerar que este gesto do governo de introduzir a imagem de Nossa Senhora no Palácio do Planalto é um gesto de temor a Deus em primeiro lugar. Quando a gente muda para uma situação política onde Deus tem espaço na sociedade, os católicos devem colocar-se numa posição de júbilo, pois, até pouco tempo atrás, testemunhamos como Deus estava sendo proibido em alguns corredores públicos. Então, quando começamos a ver o nome de Deus defendido, falado nesses corredores públicos, sem ser censurado, sem ser violentado, isto é um sinal positivo para nós”.
Comentários do pe. Augusto sobre as acusações ao presidente do Brasil
O presidente Jair Bolsonaro foi acusado, por parte dos internautas, de ter participado do ato de consagração apenas por interesses midiáticos. A isto, o sacerdote respondeu:
“Não estamos em grau de julgar isto. Em todo caso, se isto ocorreu, quem o julgará será Deus e não nós, pois não estamos em condições de ver os corações das pessoas. Entretanto, só o fato de ter o mínimo de temor e reverência pelo sagrado, pelo religioso, por aquilo que é sinal da fé, isto já é uma coisa muito boa porque Deus tem espaço. Se um governo abre a porta para Deus, que bom! Então deixe Jesus entrar!”
O pe. Augusto propôs cuidado com o farisaísmo nos julgamentos:
“Não nos portemos como os fariseus, que julgavam as supostas segundas intenções das pessoas ao redor de Jesus. É muito feio ver cristãos e católicos criticando um simples gesto de fé como o que foi realizado em Brasília. Não devemos nos portar como os fariseus, pois é assim que Jesus quer entrar neste governo e em toda a sociedade, nas escolas, nas universidades, nas casas, nos ambientes de comunicação. Não importa quem esteja lá dentro e quais sejam as intenções destas pessoas, pois Jesus pode mudar o coração de qualquer um, até daqueles que têm segundas intenções”.
E voltou a destacar a importância de se dar lugar à fé na vida pública do país:
“Acredito que este é um passo para romper uma cultura de positivismo, de materialismo dentro sociedade, de laicismo, de guerra contra Deus e o sobrenatural, para dar espaço Àquele que é o sentido da cidade dos homens. Nós precisamos reverenciar a cidade de Deus, que é o paraíso, a eternidade, para que possamos fazer qualquer coisa similar aqui na Terra. Mas, para isso, precisamos primeiramente ter temor a Deus e devoção àquilo que é da fé”.
Comentários adicionais do sacerdote
O pe. Augusto lançou publicou um comentário diretamente no seu perfil pessoal do Facebook, levando em conta outros aspectos do ato de consagração do Brasil ao Coração Imaculado de Maria:
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A partir de matéria da ACI Digital