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Quando há pressa para dizer adeus a um antigo amor

Couple Contemplating Divorce

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Beatriz Camargo - publicado em 28/05/19

A rapidez com que os divórcios acontecem nos dias de hoje nos leva à seguinte reflexão: homens e mulheres seriam capazes de assumir seu arrependimento?

A aparente facilidade na maneira como os casamentos se desfazem nos dias de hoje nos dá a impressão de que “amar” e “desamar” é algo extremamente corriqueiro e nada traumático. Mas quem já passou ou acompanhou de perto tal situação sabe o quão dolorida é uma separação.

Por outro lado, muitas notícias veiculadas em sites e redes sociais parecem confirmar essa impressão de que a separação seria algo fácil. Há algumas semanas, por exemplo, a história da cabeleireira Cleusa Cruz, que há 25 anos tentava obter o divórcio do ex-marido, repercutiu em toda a internet através de memes e piadas.

Como forma de pressioná-lo para obter o documento que necessitava, ela criou um evento dentro de uma rede social informando publicamente a data e o horário em que faria sua mudança para a casa do ex indo de “mala e cuia”, com todas as suas coisas para lá. Sua justificativa era a de que, já que ele não queria oficializar a separação, iria morar junto dele e da atual companheira.

A brincadeira feita para pressionar o ex-marido que, por três vezes não compareceu ao compromisso agendado no cartório, parece ter dado certo. Menos de 20 dias depois da história viralizar, o imbróglio de Cleusa foi resolvido: uma foto dela sorridente e satisfeita em mostrar a certidão de divórcio finalmente assinada foi destaque nos principais portais de notícias.

Em momento nenhum foram divulgados detalhes sobre quanto tempo Cleusa e Denilson Florêncio, seu ex, ficaram juntos e nem mesmo se tiveram filhos, se foi um rompimento difícil ou qualquer coisa do tipo. O que chamava atenção na história era a demora na conclusão da separação, já que hoje os divórcios acontecem de forma assustadoramente rápida.

No Brasil, após a aprovação da Lei do Divórcio, em 1977, os processos de separação passaram a ser resolvidos juridicamente de forma cada vez mais rápida e os prazos burocráticos foram diminuindo cada vez mais, principalmente depois da Reforma Constitucional de 1988.

Daquele ano até 2010, antes de se divorciar, um casal que decidia por romper sua união matrimonial passava antes pela separação judicial, processo que durava cerca de um ano e que, muitas vezes, permitia um novo fôlego à relação, estimulando, assim, a reconciliação. Como não havia em ambos o sentimento de que o casamento seria rapidamente desfeito, homem e mulher conseguiam avaliar melhor a situação e resolver os problemas de maneira mais tranquila e ponderada.

Porém, com a criação da emenda constitucional 66/10, o divórcio passou a ser concedido sem a prévia separação e os casais não precisam esperar por um determinado tempo para se divorciar. Ou seja: uma vez decididos pelo divórcio, o mesmo pode ser realizado de imediato e sem tempo para que as partes reflitam sobre um possível arrependimento.

Além dessa constante sensação de urgência que afeta nossa sociedade, é mais comum ouvirmos, em momentos difíceis, conselhos positivos do tipo “siga em frente que tudo vai dar certo”, do que questionamentos como “mas será que essa é a melhor decisão”?

O casamento não é como um comercial de margarina, mas muitos preferem acreditar que ao lado de outro parceiro/a será possível alcançar uma vida perfeita, harmoniosa e plena. Mas, ao criarem essa expectativa, esquecem que nossos caminhos são repletos de adversidades e, independentemente do quão experientes somos, teremos de lidar com todas elas.

Hoje a separação canônica é aceitável, pois a Igreja reconhece que há casos em que, para o bem dos filhos ou dos próprios cônjuges, o divórcio é algo inevitável. Mas aqueles que rapidamente optam pelo divórcio se abstêm da esperança, da perseverança, desistem de buscar por meios que poderiam ajudar na superação da crise e, principalmente, não querem enfrentar os sacrifícios que a convivência a dois muitas vezes exige.

O ensinamento “O que Deus uniu o homem não separa” parece abalado pela pressa, pela facilidade e pela necessidade de resolver aquilo incomoda as pessoas. Porém, é preciso colocar a mão na consciência e lembrar que, quando os assuntos são família e casamento, a pressa, mais do que nunca, é inimiga da perfeição e da felicidade.


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