"As partes mostraram sua disposição de avançar na busca de uma solução acordada e constitucional para o país"
Os representantes do presidente venezuelano, Nicolás Maduro, e de seu rival, Juan Guaidó, querem avançar rumo a uma solução negociada para a crise, afirmou nesta quarta-feira (29) a Noruega, após novas conversações sob seus auspícios.
Pela segunda vez em poucas semanas, as duas delegações se reuniram esta semana na Noruega para encontrar uma solução para a disputa.
“As partes mostraram sua disposição de avançar na busca de uma solução acordada e constitucional para o país, que inclui temas políticos, econômicos e eleitorais”, indicou o ministério norueguês das Relações Exteriores em um comunicado.
“A fim de preservar o processo que permita chegar a resultados, solicita-se às partes tomar a máxima precaução em relação à reserva do mesmo, tanto em seus comentários como em suas declarações”, acrescentou.
A mediação norueguesa é impopular nas fileiras da oposição e Guaidó afirmou inicialmente que todo diálogo deve desembocar na saída de Maduro e na convocação de eleições.
País anfitrião do prêmio Nobel da paz e onde israelenses e palestinos negociaram os acordos de 1993, a Noruega tem uma longa tradição mediadora, como no bem sucedido processo de paz entre o governo colombiano e as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) em 2016.
Inflação
A Venezuela teve uma inflação de 130.060% em 2018 e uma contração da economia de 47,6% entre 2013 e 2018, informou nesta terça-feira o Banco Central, no primeiro relatório deste tipo nos últimos três anos.
Segundo o BC, a inflação atingiu 274,4% no ano de 2016, foi de 862,6% em 2017 e de 130.060,2% em 2018.
O Fundo Monetário Internacional (FMI) avaliou que a Venezuela teve uma inflação de 1.370.000% no ano passado.
Em 2019, o FMI prevê uma inflação de 10.000.000% na Venezuela.
O BCV informou ainda que as exportações de petróleo – fonte de 96% da renda do país – caíram para 29,810 bilhões de dólares em 2018, contra 85,603 bi em 2013 e 71,732 bi em 2014, quando houve uma queda nos preços do petróleo que atingiu em cheio os venezuelanos.
Apesar da recuperação dos preços a partir de 2016, uma abrupta queda na produção venezuelana tem impedido a elevação da renda.
Segundo números oficiais, a oferta de petróleo venezuelano, que foi de 3,2 milhões de barris/dia há uma década, caiu para 1,03 milhão em abril passado.
Há três anos, o BCV deixou de publicar os relatórios, sem justificativa.
(AFP)