Violência contra as comunidades cristãs por parte de elementos das chamadas tribos FulaniA Nigéria tem vivido, desde 2009, uma onda de violência imparável por parte de um dos mais temíveis grupos terroristas da atualidade: o Boko Haram. Este grupo terrorista de inspiração jihadista – que procura a instauração de um ‘califado’ na região norte do país – tem protagonizado inúmeros ataques contra a comunidade cristã, com atentados em igrejas e capelas, mas também em marcados, instalações militares, escolas e edifícios da administração pública. O balanço desta onda de violência é dramático: quase 30 mil mortos e cerca de 2 milhões de deslocados.
Recentemente, o Padre Policarpo Lamma, da Diocese de Jalingo, situada no nordeste da Nigéria, participou numa iniciativa da Fundação AIS em Malta e denunciou a existência de uma outra realidade, igualmente dramática mas muito menos conhecida no Ocidente: a violência contra as comunidades cristãs por parte de elementos das chamadas tribos Fulani.
Nesse encontro em Malta, o Padre Policarpo referiu inúmeros exemplos de ataques levados a cabo por estes pastores nómadas contra aldeias cristãs provocando um número incontável de vítimas.
“Desde 2014 até hoje, quase mil pessoas” foram mortas pelos Fulani, afirmou o Padre Policarpo Lamma neste encontro da Fundação AIS que decorreu no passado mês de Abril em Malta. “Vi muitos cadáveres e feridos que foram atacados à machadada pelos Fulani. Houve enterros em massa.”
Desde sua ordenação em 2007, o Padre Policarpo tem vindo a trabalhar em áreas atingidas pela violência contra a comunidade cristã, procurando acompanhar os fiéis que vivem em aldeias rurais na região nordeste da Nigéria.
Há precisamente um ano, no dia 5 de Junho de 2018, a própria casa paroquial do Padre Policarpo foi atacada por pastores Fulani, tendo sido incendiada e destruída, assim como praticamente toda a sua aldeia. “Foi no dia do meu aniversário que os Fulani vieram e nos atacaram…” O Padre Policarpo Lamma escondeu-se debaixo de um monte de lixo durante a noite e conseguiu escapar ao ataque.
“Eles invadem as nossas terras e matam o nosso povo. Se forem agora a qualquer local, como a minha diocese, a minha própria paróquia, não verão qualquer igreja nas aldeias. Os edifícios foram todos destruídos por eles…”
Para o Padre Policarpo, por trás da violência dos pastores muçulmanos Fulani está um propósito evidente de se atingir especificamente a comunidade cristã na Nigéria. “Quando eles vêm, costumam usar as palavras ‘Allahu Akbar’, ‘Deus é grande’. Então, se é para lutar contra um determinado grupo, porquê usar estas palavras? Isto implica que eles lutam contra os Cristãos. Portanto, eles destroem as casas dos Cristãos e as igrejas.”
A prova de que se está perante uma violência organizada contra uma comunidade religiosa é, para o Padre Policarpo Lamma, o facto de se poderem “ver as mesquitas por todo lado, intactas”. Ao contrário das igrejas e capelas que são alvo de atentados e de ataques. “Isto demonstra ser especificamente um ataque selectivo contra os Cristãos”, acrescenta o sacerdote que aproveitou este encontro no coração da Europa para deixar um apelo “à comunidade internacional para olhar para o nosso problema”.
Um apelo que se estende também à generosidade dos cristãos para com as instituições que no terreno têm vindo a providenciar ajuda concreta às comunidades cristãs vítimas de perseguição, como é o caso da Nigéria. “Peço às pessoas para que também ajudem a Fundação AIS, a fim de que o seu apoio possa chegar àqueles que realmente precisam, como nós, sobretudo na Nigéria”.
(Departamento de Informação da Fundação AIS)