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O Gênesis contém a primeira referência bíblica ao Espírito Santo

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PopTika | Shutterstock

Philip Kosloski - publicado em 05/06/19

Enquanto a doutrina do Espírito Santo veio com o cristianismo, o Deus trino já pode ser visto em ação nas páginas de Gênesis

Mesmo que uma crença explícita em um Deus trino não tenha chegado até a encarnação de Jesus e o advento do cristianismo, existem referências veladas de tal crença no Antigo Testamento judaico.

No primeiro versículo do Gênesis, o autor escreve: “No princípio, Deus criou os céus e a terra. A terra estava informe e vazia; as trevas cobriam o abismo e o Espírito de Deus pairava sobre as águas” (Gênesis 1, 1). Algumas traduções citam um “vento poderoso”, enquanto outras mencionam “o Espírito de Deus”.

A palavra hebraica usada pelo autor bíblico era Ruah, e os teólogos cristãos repetidamente apontaram para ela como a primeira referência ao Espírito Santo. Lea Sestieri escreveu em seu artigo “As raízes judaicas do Espírito Santo”: “embora nas escrituras judaicas o Espírito Santo nunca seja apresentado como uma pessoa, mas sim como um poder divino capaz de transformar o ser humano e o mundo, permanece o fato de que a terminologia pneumatológica cristã está enraizada na da religião judaica”.

Ela continua: “o termo: ‘Espírito’ traduz a palavra hebraica ‘Ruah‘, que em seu sentido primário significa respiração, ar, vento. Jesus, de fato, usa a imagem sensorial do vento para sugerir a Nicodemos a novidade transcendente daquele que é pessoalmente o sopro de Deus, o Espírito divino (CIC 691).

O Catecismo explica ainda como “A Palavra de Deus e o seu Espírito estão na origem do ser e da vida de todas as criaturas. É próprio do Espírito Santo reinar, santificar e animar a criação, porque Ele é Deus consubstancial ao Pai e ao Filho […]. Pertence-Lhe o poder sobre a vida, porque, sendo Deus, guarda a criação no Pai pelo Filho” (CIC 703).

São João Paulo II também apontou essa conexão durante uma audiência geral de 1990. Ele escreveu: em tais textos, podemos ver uma preparação distante da revelação cristã do mistério da Santíssima Trindade: Deus Pai é o começo da criação, ele a realizou através de sua Palavra, isto é, através de sua Palavra e de seu Filho, e através de seu Sopro, o Espírito Santo”.

João Paulo II continua: na Bíblia, o termo hebraico para o Espírito é Ruah. O primeiro significado deste termo, e de sua tradução latina, “spiritus”, é “respiração”… Uma respiração é a realidade mais imaterial que percebemos; não pode ser vista; é intangível; não pode ser agarrada pela mão; parece ser nada e, no entanto, é de vital importância. A pessoa que não respira não pode viver. A diferença entre uma pessoa viva e uma morta é que a primeira tem respiração e a segunda não tem mais. A vida vem de Deus. Por isso, a respiração também vem Dele e Ele pode retirá-la (cf. Sl 104 [1O3], 29-30). Vendo a respiração dessa maneira, eles entenderam que a vida depende de um princípio espiritual, que foi chamado pela mesma palavra hebraica Ruah.

A crença trinitária em Deus é um dos maiores mistérios do cristianismo, um mistério que não vamos entender completamente nesta terra. No entanto, dicas do maravilhoso plano de Deus podem ser vistas em todo o Antigo Testamento, especialmente no livro de Gênesis, preparando o caminho para a revelação final de si mesmo na pessoa de Jesus Cristo e na pessoa do Espírito Santo.

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