Filha de escravos, negra e analfabeta, ela era respeitada até pelos poderosos do seu tempoA Igreja celebra no dia 14 de junho a beata Francisca de Paula de Jesus, conhecida como Nhá Chica.
Filha de escravos, negra e analfabeta, ela dedicou a tal ponto a sua vida a Nossa Senhora da Conceição e à caridade para com o próximo que chegou a ser chamada de “mãe dos pobres”.
Nhá Chica sempre viveu em Minas Gerais. Nascida em 1808 em São João del-Rei, ela se mudou ainda pequena para Baependi com a mãe e o irmãozinho, que era dois anos mais velho que ela. As crianças ficaram órfãs quando Chica tinha 10 anos. Ela e o irmão de 12 se colocaram então sob os cuidados de Nossa Senhora, a quem Chica chamava de “minha Sinhá”. Esse amor por Maria foi herança da mãe, muito devota de Nossa Senhora da Conceição.
Chica decidiu dedicar-se por inteiro a Deus e por isso nunca se casou. Analfabeta, se alegrava muito quando liam a Bíblia para ela. Atendia com grande gentileza a todos os que lhe pediam conselhos e orações, e, embora não fizesse parte de nenhuma confraria ou congregação religiosa, todos os que a conheciam desenvolviam por ela um grande respeito, inclusive os poderosos da região. Ela explicava com singeleza o porquê desse respeito:
“É porque eu rezo com fé”.
O desconhecimento das letras não foi empecilho para que ela compusesse uma novena dedicada a Nossa Senhora da Conceição, nem para organizar a construção de uma pequena igreja em sua honra ao lado da casa onde vivia. Nessa igrejinha se venerava uma imagem da Imaculada Conceição: era diante dela que Nhá Chica rezava com fervor pelas pessoas que se confiavam às suas preces. Essa mesma igreja, em 1954, passou aos cuidados das Irmãs Franciscanas do Senhor e, hoje, é o Santuário de Nossa Senhora da Conceição. Junto a ela são realizadas obras de assistência a crianças carentes, mantidas por devotos da Bem-Aventurada Nhá Chica.
A “Santinha de Baependi”, outro título pelo qual é conhecida, partiu deste mundo em 14 de junho de 1895. Em maio de 2013, foi beatificada graças ao reconhecimento oficial de um milagre de cura atribuído à sua intercessão: a professora Ana Lucia Meirelles Leite estava prestes a ser operada de um problema cardíaco de nascença quando os médicos constataram que, sem explicação científica alguma, aquela condição havia desaparecido.