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Por que os cristãos têm que suportar injustiças sem reagir?

POKUSY

Mariano Nocetti/Unsplash | CC0

Gelsomino Del Guercio - publicado em 16/07/19

Não se trata de ceder perante quem faz o mal

Os cristãos têm que suportar a injustiça? Eles têm que enfrentar os problemas sofrendo tudo passivamente?

A resposta é “não”. Quem explica é Franz Jalics, autor do livro “Exercícios de contemplação” (Editorial Ancora).

O caminho da cura

Vamos dizer que alguém, em uma discussão, feriu-me injustamente com suas declarações. Como eu reajo? À primeira vista, eu teria duas opções.

Posso devolver o golpe, causando ferimento, ou fingir que nada aconteceu e reprimir tudo, tentando me dizer que isso não me machucou. Em nenhum dos casos, no entanto, ocorre a cura.

Devolver o golpe é uma reação exterior que, nesse tipo de situação, não produz nenhum tipo de redenção; pelo contrário, pode ser que quem está falando comigo reaja ainda mais violentamente.

No segundo caso, engulo a ofensa que, no entanto, pára como uma pedra no estômago. Nada foi redimido.

Deixe ser tocado pela ferida

Então, como a verdadeira cura é realizada? Qual é a estratégia mais correta em relação ao que está acontecendo comigo? O melhor que você pode fazer é se deixar tocar pela ferida. Assim, começamos a sentir a dor. E, através desse sofrimento, pode-se iniciar a cura interior.

Se não houver urgência para responder

Então, se não houver urgência em responder ao outro, eu não reajo. Preciso de tempo para permitir que a ferida se torne uma cicatriz. De acordo com a gravidade da ferida, deixo descansar por um tempo. Quando a ferida não está mais dolorida, significa que ela se tornou uma cicatriz. Deixou sua marca, mas no momento perdeu seu caráter ameaçador.

Então eu posso voltar para o lado de fora, retornar a essa pessoa para falar com ela sobre a ferida que ela me causou. Eu também posso me comportar com firmeza, mas não vou reagir com ódio. A dor passou, permitindo-me encontrar a pessoa com mais amor e serenidade.

Se houver uma necessidade urgente de responder

Vamos dizer, por outro lado, que eu não posso esperar, por causa das circunstâncias, que exigem uma reação imediata.

Também nesse caso eu me deixo tocar pela dor e vejo o que sinto: “É uma ferida e dói. Deixo doer”. Neste momento, a redenção começa. Dado que a situação, como dissemos, requer uma reação rápida, impedindo-me de tomar o tempo necessário para curar a ferida, abordo meu interlocutor.

Dado que o processo de cura já começou em meu interior, minha reação não estará totalmente à mercê do ódio.

Os exercícios contemplativos

Resumindo: quando falo de sofrer, de deixar passar, de não me defender, refiro-me sempre às reações internas, não às externas. Nos exercícios contemplativos, apenas a dimensão interna é levada em consideração, na qual podemos aprender um novo modo de nos comportar.

A reação externa, por outro lado, depende em grande parte das circunstâncias. Embora seja melhor reagir com amor quando a ferida foi curada, circunstâncias externas podem exigir determinadas reações.

Muitos psicólogos argumentam que você deve aprender a se defender. Isso está correto, se se referir a reações externas. Se alguém me incomodar, se se comportar incorretamente, me causar injustiças ou me agredir, certamente devo estabelecer limites externos. Mas não devo limitar meu amor por ele com barreiras internas.

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