É o que revela uma reportagem investigativa do The New York Times A Catedral de Notre Dame chegou perto do colapso durante o incêndio de 15 de abril, segundo o The New York Times.
Se não fosse pela bravura de uma equipe de bombeiros, que entrou correndo nas torres gêmeas em frente à catedral, o incêndio teria desencadeado um efeito dominó, que derrubaria as paredes de 850 anos da igreja.
Com base em dezenas de entrevistas, o Times rastreou o progresso do incêndio, começando com o primeiro alarme de um sistema complexo de detectores de fumaça e os erros dos funcionários que desperdiçaram momentos preciosos e permitiram que as chamas se espalhassem rapidamente.
O incêndio começou no ático da catedral, onde antigas madeiras erguiam o teto da igreja. Uma investigação em curso ainda não apontou a causa, mas a idade da madeira e sua secura, juntamente com o fato de que a administração da Notre Dame decidiu não instalar paredes anti-incêndio ou sprinklers (dispositivos que liberam água quando começa um incêndio), apontavam que o local poderia rapidamente se transformar em um inferno. Com o fogo, o telhado foi totalmente perdido, juntamente com a torre icônica. Mas a maior parte da abóbada foi preservada, assim como as paredes e os famosos vitrais.
O que preocupou os bombeiros foi que, durante o incêndio, o vento estava alastrando as chamas para torre norte na frente da igreja. Uma estrutura interna de madeira sustentava uma série de grandes sinos, e, se eles caíssem, poderiam muito bem agir como bolas de demolição, derrubando a torre e fazendo com que a torre sul vizinha caísse também. O duplo colapso muito provavelmente teria causado o fracasso do resto das muralhas da catedral.
Como o Corpo de Bombeiros só foi chamado meia hora após a detecção da fumaça, os profissionais tinham pouco tempo para tomar decisões.
“Se Notre Dame ainda está de pé é devido apenas aos enormes riscos assumidos pelos bombeiros nas terceira e quarta horas após o início do incêndio”, publicou o Times.
Às 8h30 daquela noite, depois que a torre desmoronou e ficou evidente que o fogo do teto estava fora de controle, o general Jean-Claude Gallet, chefe dos bombeiros de Paris, disse às autoridades municipais reunidas na sede da polícia que ele estava ordenando que suas brigadas se concentrassem na torre norte.
“Naquele momento, estava claro que alguns bombeiros iriam para a catedral sem saber se voltariam”, disse Ariel Weil, o prefeito do 4º Arrondissement de Paris.
No posto de comando, o sargento-mor, Rémi Lemaire, 39 anos, sugeriu que eles subissem as escadas na torre sul. Eles carregariam duas mangueiras adicionais, ele disse, que poderiam ser conectadas diretamente em um caminhão de bombeiros. Isso daria à equipe mais pressão de água. E, de lá, os bombeiros poderiam entrar na torre norte, em chamas.
Foi uma estratégia de alto risco. …
Mais cedo, o sargento Lemaire já tinha avaliado os perigos que a torre norte apresentava. No tempo que levou para decidir o novo plano, as coisas só pioraram.
“No começo, estávamos relutantes em ir porque não tínhamos certeza de que teríamos uma rota de fuga”, lembrou ele.
Um grupo de bombeiros de um subúrbio vizinho se recusou a ir, mas outra equipe disse que faria isso.
Eles quebraram um portão e, ao entrar na torre do norte, encontraram partes de uma parede e o chão em chamas. Eles subiram um lance de escadas até a altura dos sinos. De lá, eles conseguiram apagar as chamas.
Um bombeiro quase caiu da escada – mas por volta das 9h45, eles tinham as chamas sob controle.