Os pais querem tratá-la na Itália, onde médicos já se prontificaram a recebê-la – mas o hospital de Londres teima em decretar a sua morteTafida Raqeeb tem 5 anos de idade e está em coma desde 9 de fevereiro deste ano, quando um vaso sanguíneo se rompeu em seu cérebro. Segundo a mãe, Shelina Bergum, a pequena estava “completamente saudável” até então. O rompimento foi consequência de uma malformação arteriovenosa, condição rara, de causas ainda desconhecidas, em que artérias e vasos sanguíneos ficam “emaranhados”. A doença provocou uma parada cardiorrespiratória e uma lesão cerebral traumática. Segundo os médicos do Royal London Hospital, onde Tafida está em coma, não existem chances de recuperação e qualquer tratamento adicional é inútil: por isso, a sua posição é a de desligar os aparelhos que prestam suporte vital à menina.
Médicos italianos defendem tratamento
Entretanto, dois médicos do hospital pediátrico Giannina Gaslini, de Gênova, na Itália, questionam a opinião dos colegas de Londres e solicitaram examinar Tafida mediante videoconferência nesta sexta, 19. Eles não acreditam que ela tenha sofrido morte cerebral e se prontificaram a tratá-la na Itália.
Os médicos de Gênova afirmam que Tafida não apresenta todas as condições clínicas de morte cerebral e, portanto, deve continuar recebendo suporte vital. Eles recordam que a morte cerebral é a perda irreversível de todas as funções do cérebro, incluindo as do tronco cerebral, acompanhada por coma, ausência de reflexos e incapacidade de respiração sem suporte artificial. Tafida, porém, apresenta movimentos ofegantes sem o aparelho que a ajuda a respirar, o que contradiz a versão de que esteja cerebralmente morta, e, segundo os pais, consegue abrir os olhos, mexer as extremidades, engolir e reagir à dor. Eles alegam ainda que um neurologista do hospital descreveu o seu estado como “um coma profundo” e não como morte cerebral.
Pesadelo judicial à vista?
A julgar por casos semelhantes registrados no Reino Unido ao longo dos últimos dois anos, esta pode tornar-se uma dolorosa batalha judicial para os pais da menina, que, neste último dia 16, pediram que o Supremo Tribunal de Justiça da Inglaterra os autorize a levar a filha para fora do país.
Precedentes assustadores no Reino Unido
O drama de Tafida Raqeeb recorda os dos bebês Charlie Gard e Alfie Evans, também britânicos, ambos assassinados por ordens judiciais taxativas, ideologicamente enviesadas e mundialmente questionadas, que determinaram o desligamento dos aparelhos que os ajudavam a respirar, contra a vontade de seus pais e apesar de ofertas de tratamentos ao menos paliativos em hospitais do exterior, nomeadamente dos Estados Unidos e do Vaticano.
Charlie foi morto em 2017, faltando poucos dias para completar seu primeiro aniversário.
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Passado menos de um ano, o pesadelo se repetiu para a família de Alfie. O suporte vital do bebê também foi suprimido à revelia dos seus pais, a quem até o Vaticano tinha aberto as portas do hospital Bambino Gesù, referência mundial de excelência em pediatria. Alfie morreu após resistir durante 5 dias respirando por conta própria, em surpreendente desafio à própria sentença de morte e às “previsões médicas” que tinham estimado “minutos” de sobrevivência em sedação profunda após o desligamento dos aparelhos.
Aleteia fez questão de denunciar as barbáries perpetradas no caso de ambos os bebês. Aqui você encontra as nossas matérias sobre este absurdo que não pode ser esquecido jamais:
Arquivos sobre Alfie Evans
Cultura do descarte
O Papa Francisco tem sido em nossa época o mais aguerrido denunciante da aterradora ideologia de descarte humano que não é apenas incentivada, mas até imposta às sociedades atuais.
Essa visão deformada e deformante do valor da vida humana permeia tanto as posições supostamente científicas de médicos que cedem a ela quanto as totalitárias determinações de juízes que obrigam cidadãos teoricamente livres a acatá-la à força. A ideologia do descarte, nos casos citados, vem mascarada pela repugnante “justificativa”, subjetiva e arbitrária, de que a supressão do suporte vital teria como objetivo “o melhor interesse do paciente” e dos seus familiares.
O nível de insanidade ideológica é tamanho que, recentemente, uma juíza britânica chegou a tentar obrigar uma mulher a abortar o seu filho, contra a expressa vontade tanto da mãe quanto da família dela. A arbitrariedade precisou ser derrubada por um tribunal de apelação. A “justificativa” da juíza também tinha sido a do “melhor interesse” da mãe e do bebê.
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