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Muitas tarefas e exigência de produtividade? Eis uma lição importante

RELAXATION

Pxhere | CC0 Public Domain

Michael Rennier - publicado em 30/07/19

A minha principal responsabilidade não é ser produtivo, mas amar aqueles que me cercam e olhar profundamente no coração da realidade

A produtividade é um estado que eu sempre busco. Se não estou realizando uma tarefa ou me aprimorando de alguma forma, fico inquieto. Eu simplesmente preciso levantar do sofá e fazer exercícios, ou ler um livro que pretendo entender, ou cuidar do jardim.

Eu sempre tive a habilidade de fazer muitas coisas durante o dia, mas isso nem sempre é um bom traço de personalidade, porque o trabalho e a produtividade não devem nos definir. Então, apenas ficar ocupado e completar muitas tarefas pode ser um problema.

Por que, por exemplo, ao analisar o “sucesso” do meu dia, não considero se parei para brincar com meus filhos? Se eu abracei minha esposa? Se eu tomei uma xícara de café tranquilo antes de ir para o trabalho? Se eu dei uma volta no quarteirão e parei para olhar o pôr do sol…

Parece que o excesso de trabalho é um mecanismo de defesa. Nós nos enterramos em produtividade infinita porque isso é uma fuga da tarefa mais difícil: apenas estar usando nosso tempo de lazer com sabedoria.

Se eu fizer uma longa lista de tarefas todos os dias, não só não tenho que pensar em outra coisa, mas recebo uma validação imediata. O que realmente está acontecendo, no entanto, é que, usando todas as horas do meu dia, estou me sufocando.

Não tenho espaço para respirar e, sem o tempo livre para explorar a beleza do mundo, evito entrar no desafio verdadeiro e mais assustador da autorreflexão.

A minha principal responsabilidade não é ser produtivo, mas amar aqueles que me cercam e olhar profundamente no coração da realidade para o coração pulsante de Deus, do qual toda a vida flui.

Mas estou aprendendo. Agora tenho a tendência de definir o sucesso do meu dia se o bebê sorriu quando beijei sua bochecha. Se ele ri quando coloco meu rosto no dele, sei que é um dia maravilhoso. Há um grande valor nesses momentos “improdutivos”. Na verdade, eles são a razão pela qual estamos vivos.

Em particular, aprendi com meus filhos o valor de simplesmente perder tempo e brincar. O tempo “improdutivo” gasto com pessoas que eu amo nunca é desperdiçado.

Há uma linha tênue, no entanto, entre o lazer e a preguiça. Então, eu não estou justificando maus hábitos nem desperdiçando tempo na frente da televisão ou no celular, o que é mais um vício do que um lazer saudável. Há um jeito certo de não fazer nada.

Recordemos a famosa história de Marta. Ela e sua irmã Maria organizaram uma grande reunião para Cristo e seus discípulos. Marta passou o tempo todo trabalhando e se preocupando com os detalhes do encontro. Enquanto isso, sua irmã passou um tempo com os convidados, ouvindo o ensinamento de Jesus.

Qual delas foi mais sábia? Maria. Creio que naquele dia Marta aprendeu uma lição valiosa. A fim de descobrir o mistério de nossa existência, o porquê de Deus ter nos criado e com que propósito, precisamos reservar um tempo para sentar em silêncio, para ouvir, prestar atenção. Em suma, devemos ser aparentemente “improdutivos”.

Eu costumo agir muito como Marta. Tenho refletido sobre minhas motivações e porque me sinto tão ansioso quando não estou cumprindo tarefas. Acho que tenho a resposta: tenho problemas com o lazer porque sou orgulhoso.

Eu desconfio do valor de qualquer coisa que eu pessoalmente não trabalhei para criar. Como católico, estou firmemente comprometido com a ideia de que minha existência é um dom. Se estou vivo, e se tenho alegria na minha vida, é porque Deus me deu. Eu não criei a mim mesmo. Eu não conquistei o amor da minha família. Eu não faço nada para criar um pôr do sol no horizonte. Eu não sou o motor que faz ondas quebrarem na praia. Tudo é um dom. Eu luto contra o orgulho, no entanto, e desconfio de coisas gratuitas, coisas que não vieram através do meu esforço.

O que Marta aprendeu, e o que eu ainda estou me esforçando para descobrir, é que é bom se acalmar e aceitar a alegria que vem até nós, mesmo que venha sem o nosso esforço.

Tire um momento de tranquilidade hoje para contemplar algo adorável. Não se preocupe com a produtividade – as tarefas domésticas e de trabalho. Como Marta, temos duas escolhas diante de nós: perseguir a produtividade infinita, ou escolher o melhor modo de contemplação espiritual e aceitar o dom de uma vida feliz. É hora de escolher o melhor caminho.

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DepressãoEstresseInteligencia emocionalTrabalho
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