Teresa Liu sobreviveu 20 anos de confinamento por sua fé. Agora ela perdoa seus algozes enquanto ela lidera convertidosÉ como se Teresa Liu estivesse recuperando o tempo perdido.
Liu é uma mulher católica de 86 anos que hoje vive na Austrália. Ela guiou centenas de chineses para a fé, anos depois de passar uma parte significativa de sua juventude em uma prisão comunista.
Liu tinha um espírito evangelizador desde tenra idade. Quando jovem, ela se juntou à organização católica Legião de Maria em sua terra natal, Guangzhou, no sul da China. O grupo, que atua mundialmente, busca difundir a fé católica. Ela também estava discernindo uma vocação religiosa com freiras carmelitas.
Dois eventos interromperam a vida que ela imaginou para si. Se ela não tinha certeza se Deus queria que ela fosse uma religiosa consagrada, ela parece ter encontrado a resposta quando John Bosco Liu entrou em sua vida.
“Ele disse que a amava”, de acordo com um perfil dela escrito no Catholic News Service.
Mas seus planos de se casar também foram interrompidos, por causa de sua participação na Legião de Maria, considerada uma organização “anti-revolucionária”.
Era o final da década de 1950, e os governantes comunistas da República Popular da China estavam exercendo mais e mais controle sobre a religião. Eles criaram uma alternativa para a Igreja Católica, a fim de neutralizar a influência e o controle sobre segmentos da população por uma potência estrangeira – o Vaticano.
A própria Legião de Maria era vista como uma organização “anti-revolucionária”, e Teresa e John Bosco receberam sentenças de prisão. Eles também se recusaram a se juntar à Associação Patriótica Católica Chinesa, estabelecida pelo Estado.
Teresa nunca teve um julgamento, mas acabou detida durante 20 anos. John Bosco ficou atrás das grades por 22 anos. Os dois passaram algum tempo na mesma prisão em Guangzhou. Mas se eles se atrevessem a falar ou mostrar sinais de afeto, isso poderia levar a punições severas. A própria Teresa foi mantida em confinamento solitário por longos períodos – certa vez durante sete meses.
Ela sabia, no entanto, que nunca estava sozinha. Cristo estava com ela.
Embora não pudessem comparecer a nenhum tipo de serviço religioso durante a prisão, Teresa manteve sua vida de oração em segredo. Quando ela ia se deitar para dormir à noite, rezava o Rosário, por exemplo.
“Eu me sentia muito próxima de Deus naquela época, porque em meu coração, eu dizia: ‘Jesus, agora eu não tenho nada além de você. Não me deixe te abandonar”, disse ela ao CNS.
Ela finalmente foi libertada em 1977. Ela e John Bosco se casaram em 1979 e se mudaram para a Austrália no ano seguinte.
Mas John viveu apenas por mais 10 anos. Ele teve um ataque cardíaco um dia na missa, logo após receber a Comunhão.
Teresa seguiu catequizando novos imigrantes de sua terra natal. Proporcionando-lhes formação na fé em seu próprio idioma – cantonês ou mandarim – ela orientou centenas de pessoas para o ingresso na Igreja Católica, segundo conta o padre Janusz Bieniek.
“Ela apoia muito todas as iniciativas da paróquia, especialmente o trabalho de evangelização com pessoas da China que estão pensando em se tornar cristãs”, disse padre Bieniek, ele próprio imigrante, da Polônia. “Ela os reúne, conversa com eles, mantém contato pessoal com eles e os encoraja”.
Recentemente, Liu recebeu um reconhecimento da Ordem Equestre de São Gregório Magno por seu “notável compromisso com a fé” demonstrado “através de sua evangelização cristã e conversão de muitas pessoas na Arquidiocese de Sydney”. A investidura na ordem é a maior honra que a Igreja concede aos leigos e é dada em reconhecimento ao extraordinário serviço prestado à Igreja.
“Ela é uma testemunha da fé. As pessoas sabem sobre seu passado, suas experiências e sofrimentos, mas ela não se vangloria disso. Ela nunca tem qualquer palavra de vingança ou ódio. Ela não tem raiva, então isso causa uma grande impressão nas pessoas”, comentou o padre.
Liu disse que perdoou seus algozes. “Eles também são vítimas do sistema comunista”, disse ela.
Ela pediu orações pela China, dizendo que a situação dos fiéis agora é pior do que era para os católicos da década de 1950. “Eles querem destruir todas as religiões”, disse.