Aleteia logoAleteia logoAleteia
Domingo 28 Maio |
Bem-aventurado Antônio Julião Nowowiejski
Aleteia logo
Atualidade
separateurCreated with Sketch.

As crianças-cadáveres escravizadas nas minas de coltan do Congo

web3-tantal-coltan-congo-mine

Junior D. Kannah / AFP

Reportagem local - publicado em 08/08/19

"Os nossos celulares estão manchados com o sangue das 'crianças-cadáveres'", afirma o padre que resgata crianças do inferno da escravidão

O site da diocese espanhola de Málaga publicou em agosto de 2019 uma impactante entrevista com o pe. Willy Milayi, missionário da Imaculada Conceição que resgata crianças de rua no Congo, seu país natal, e lhes fornece abrigo e educação a fim de livrá-las do inferno das minas de coltan, onde trabalham de modo forçado e em situação de escravidão.

(Atualização em 15 de julho de 2020: Infelizmente, a situação não é datada: apesar de ser uma reportagem de quase um ano atrás, a situação permanece muito preocupante. Aliás, as coisas têm piorado no Congo, que enfrenta simultaneamente a pandemia de covid-19, uma nova epidemia de ebola e o pior surto de sarampo da sua história).


CONGO PROTEST

Leia também:
Igreja trabalha contra surto simultâneo de covid-19, sarampo e ebola no Congo

O sacerdote congolês explica que esse mineral, resultante da mistura de columbita e tantalita, é usado na fabricação de dispositivos eletrônicos como celulares. Por ser escasso, tem muito valor econômico, fato que explica por que a exploração das minas na República Democrática do Congo está nas mãos de guerrilhas.

O pe. Willy contou o caso de um menino que percorreu mais de 6.000 quilômetros para fugir da escravidão a que era submetido.

“Vocês podem imaginar as condições de miséria em que ele chegou. Mas só estava procurando alguém que o escutasse. Ele chegou destruído de dor. Depois que lhe demos comida, ele contou sobre a vida dele. Os milicianos tinha expulsado a família dele de casa, mãe, pai, irmãs e ele próprio, e levaram todos para a selva com duas propostas: morrer ou trabalhar para eles tirando coltan das minas das 6 da manhã até as 7 da noite. Trabalhavam a 200 metros de profundidade para tirar 15 sacos de coltan por dia. E ganhavam 2 dólares por mês”.

Quando explodiram revoltas contra as guerrilhas, os milicianos reagiram com ainda mais brutalidade:

“Estupraram e mataram a mãe daquele menino na frente dele. Depois fizeram a mesma coisa com as irmãs de 17 e 13 anos e mataram o pai dele. Ele conseguiu fugir, mas me dizia chorando: ‘Eu não tenho medo da morte. Eu sou um cadáver. E um cadáver não tem medo da morte’”.

O pe. Willy acrescenta:

“Nossos celulares estão manchados com o sangue das ‘crianças-cadáveres'”.

Há mais de 20 mil crianças de rua só na capital congolesa, Kinshasa. É para elas que os missionários da Imaculada Conceição fundaram um centro educacional, sobre o qual o pe. Willy comenta:

“É um lar onde eles podem aprender um ofício que garanta um futuro fora das minas e que eles nunca mais voltem para a rua. Não podemos resolver todos os problemas, mas damos graças a Deus por cada crianças que podemos resgatar. É um verdadeiro milagre, que as pessoas de boa vontade tornam possível”.

As crianças também aprendem a cuidar umas das outras:

“Já ouvimos vários dizerem: ‘O pe. Willy nos ensinou que temos que ajudar quando crescermos’. Acho que isso é um passo importante. Temos que defender a dignidade da pessoa, imagem de Deus, nossos irmãos. Em nosso mundo essa concepção foi perdida e colocamos os bens materiais acima das pessoas. O que nos mata hoje é a indiferença. Não queremos saber nada dos problemas dos outros e só falamos dos nossos. Mais preocupante que a pobreza material é a pobreza espiritual”.
Tags:
CriançasPecado
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Oração do dia
Festividade do dia





Envie suas intenções de oração à nossa rede de mosteiros


Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia