Nos primeiros seis meses de 2019, 158 episódios de violência contra cristãos foram registrados em 23 estados da Índia, ferindo 110 mulheres e 89 crianças, de acordo com o United Christian Forum (UCF), organização que recebe denúncias e pedidos de ajuda mediante uma central telefônica dedicada.
Os episódios de violência incluem ataques, intimidações e ameaças contra fiéis pacificamente reunidos em igrejas ou em encontros de oração, perpetrados por grupos violentos que, no geral, são compostos por extremistas hinduístas.
“Praticar a própria fé está se tornando motivo de insegurança em 90% do território indiano”, denuncia o UCF, acrescentando que “nenhum partido político assumiu posição firme contra esses atos de intimidação”.
O UCF registra que “somente em 24 dos 158 incidentes foi possível efetivar uma denúncia contra os culpados”, destacando que a inação da polícia foi notável em 11 estados governados por partidos laicos e em 12 por partidos hinduístas, especialmente Uttar Pradesh, com 32 incidentes violentos, e Tamil Nadu, com 31. O relatório do fórum cristão afirma:
“O modus operandi em todos estes episódios é o mesmo: uma multidão acompanhada pela polícia irrompe num momento de oração gritando palavras de ordem e agredindo os fiéis, inclusive mulheres e crianças (…) Tais casos são tão corriqueiros que ninguém se importa em condená-los: nem políticos, nem a sociedade civil, nem líderes religiosos”.
Segundo a organização Alliance Defending Freedom, os atos hostis aos cristãos na Índia cresceram desde a chegada ao governo do partido nacionalista hinduísta a que pertence o primeiro-ministro Narendra Modi, que está no segundo mandato.
A Índia tem população de 1,3 bilhão: a segunda maior do planeta, atrás da China, mas devendo superá-la na próxima década.
Do total, 80% são hinduístas (966 milhões), 14% muçulmanos (172 milhões) e apenas 2,3% cristãos (29 milhões). Ainda assim, os 29 milhões de cristãos da Índia são quase o triplo da população inteira de Portugal.