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Luminoso legado de Edith Stein: filosofia como modo de vida e a vida como vocação

Edith Stein
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Reportagem local - publicado em 09/08/19
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Intelectual judia que virou ateia e depois se converteu à fé católica, Santa Teresa Benedita da Cruz foi martirizada no campo de concentração de AuschwitzSanta Teresa Benedita da Cruz, nascida Edith Stein, mulher, judia, filósofa, escritora, professora, enfermeira, convertida ao catolicismo, carmelita, mártir, santa e co-padroeira da Europa, foi morta em 9 de agosto de 1942 nas câmaras de gás de Auschwitz e representa, para católicos e não católicos, um modelo de mulher integral, dos pés à cabeça: enraizada no mundo, apaixonada pelo conhecimento da realidade e voltada convictamente para a eternidade, ela repropõe um autoexame premente a uma Europa submersa em profunda crise de identidade, fragilizada, fragmentada, secularizada, marcada pelo selo da ideologia em todos os âmbitos da vida, inclusive no religioso.

Reconhecido filósofo contemporâneo de Santa Teresa Benedita da Cruz, Ludwig Wittgenstein observou que “o ser humano vive a vida diária com o brilho de uma luz da qual não se dá conta até que se apague“. Santa Teresa Benedita da Cruz reflete uma luz que brilha na mais completa escuridão.

Invocá-la é evocar grandes contribuições dessa grande mulher ao nosso tempo: a sua concepção da filosofia como modo de vida e a vida entendida como vocação, especialmente na beleza da vida em comunidade em contraposição à solidão do individualismo contemporâneo.

Filosofia como modo de vida

Estamos acostumados a viver num mundo virtual, de relações fictícias, como se a cada momento tivéssemos de seguir instruções. Empobrecemos a nossa razão porque empobrecemos a nós mesmos. A filosofia nos ajuda a viver a vida com densidade, a crescer, a levar a sério a nossa existência.

A figura de Edith Stein não representa apenas a recuperação de um modo de conhecimento como o filosófico, mas a recuperação da própria razão. Edith nos ensina que a razão se amplia, é viva, histórica, inclusiva, não se detém diante dos próprios limites, mas é abraçada e acolhida pelo Mistério que a engrandece.

Vida humana entendida como vocação

Vocação é chamado, origem e destino. Vocação a ser mais nós mesmos. Vocação é a característica que mais nos define. A verdadeira vocação é a entrega, a capacidade de amar, que é o sustento fundamental da vida comunitária. Essa vocação, como a própria Edith descreveu em várias conferências, se manifesta na dignidade da mulher, esposa e mãe, sustento da vida, protetora da vida nascente, e também na Igreja, como esposa de Cristo, que abraça a sua vocação de serviço à vida humana em todas as suas dimensões a partir de uma lógica nova, a do dom e do sacramento, porque Cristo é quem faz novas todas as coisas.

E isto é o que precisamos recuperar com urgência para voltar a ser o que somos: homens livres, criados à imagem e semelhança de Deus, que conquistam, no serviço aos outros, o nome com que foram chamados; o seu verdadeiro nome.

O carmelo, um cenário de plenitude

Edith Stein encontrou no carmelo essa vocação de serviço à humanidade. Tornar-se carmelita não foi uma fuga do mundo intelectual em que tinha dado tantos frutos: foi simplesmente um modo de se entregar mais e servir melhor a partir da verdade que tinha encontrado. Não há amor sem verdade e não há verdade sem amor.

Santa Teresa Benedita da Cruz ofereceu a vida por todos os homens e pela paz verdadeira. Ela foi presa em vingança pela sua denúncia pública, lida em todas as igrejas da Holanda, contra a perseguição perpetrada pelas autoridades nazistas. Foi então emitida a ordem de encarceramento contra todos os judeus do país que tivessem se convertido ao catolicismo. Edith entregou sua vida unida ao destino do seu povo, a partir da convicção de que, em Cristo, cumprem-se as promessas feitas ao povo de Israel.

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A partir de texto de Feli Merino publicado por Aleteia em 9 de agosto de 2013.

Aleteia propõe aos seus leitores uma série de textos riquíssimos sobre a trajetória e o legado de Santa Teresa Benedita da Cruz, uma das grandes luzes do século XX, tão ensombrecido pelas trevas.



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