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Dom Henrique: “A rede será puxada… Os peixes bons serão separados dos maus”

JESUS,APOSTLES
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Dom Henrique - publicado em 18/08/19
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“Escandalizamo-nos porque queremos a misericórdia para nós e, para os outros, a dureza da justiça. Mas o Coração de Deus não é como o nosso”Dom Henrique Soares, bispo de Palmares, em Pernambuco, publicou em seu blog no começo deste mês de agosto a seguinte reflexão inspirada na parábola da rede lançada ao mar, figura representativa do Reino dos Céus:

A propósito de Mt 13: As parábolas do Reino dos Céus

E o Mestre contou-lhes mais uma parábola, tão bela, tão da paisagem da Galileia, tão da vida deles:

“O Reino dos Céus é ainda semelhante a uma rede lançada ao mar, que apanha de tudo”.

Que graça, que escândalo, esse Reino. Graça porque apanha de tudo; o coração do Pai é amplo, como uma casa grande e espaçosa que tem muitas moradas – nele há lugar até pra mim, pra você, que agora me lê… Mas, pensando bem, essa mesma graça nos escandaliza tanto: por que tantos pecadores na Igreja, por que tanta gente escandalosa, que temos que aceitar e acolher como nossos irmãos? Escândalos nas comunidades, escândalos no clero, escândalos na vida religiosa, escândalos no meu coração…

– Por que, Senhor, toleras tudo isso? Por que a rede do Reino que anuncias e trazes também pesca, recolhe e acolhe aqueles que, por mim, estariam bem longe, abandonados no mar alto?

Escandalizamo-nos porque queremos a misericórdia para nós e, para os outros, a dureza da justiça. Mas o Coração de Deus não é como o nosso… O Coração do Deus cujo Reino Jesus anuncia e traz é o Coração do Abbá, o coração do Pai, do Papai de Jesus!

“Quando está cheia, puxam-na para a praia e, sentados, juntam o que é bom em vasilhas, mas o que não presta, deitam fora. Assim será no fim do mundo: virão os anjos e separarão os maus dentre os justos e os lançarão na fornalha ardente”.

Um dia (não dia nosso, mas Dia de Deus, dia e hora que somente Deus conhece) a rede do Reinado de Deus estará cheia: este tempo nosso, de agora, deste mundo, terminará, a história desembocará na Glória… A rede será puxada…

Quando, Senhor? Não sabemos; não nos pertence!
De que modo, Senhor? Não nos compete saber: pertence aos segredos de Deus – Bendito sejas tu, Senhor nosso Deus, que guardas os segredos!

A rede será puxada… Sou alagoano, da beira de mar… Já vi tantas vezes puxarem a rede. Ela é grande, ampla… Como demora a chegar à praia… Cada vez, sinto uma impaciência danada, esperando para vê-la chegar com a pesca farta… Só Deus sabe a hora em que a rede chegará à praia… Chegará, certamente; mas na hora em que Ele achar conveniente! E, então, sim: os peixes bons serão separados dos maus – haverá sim, um discernimento; ocorrerá sim, um juízo de Deus! Os peixes bons serão recolhidos nos cestos do coração do Pai – há tantos cestos, tantas moradas… Mas, os peixes ruins serão jogados fora, pois servem somente para o fogo queimar…

Agora, Jesus olha docemente os Seus discípulos. Silêncio. Eles estão pensativos, absortos ainda no balanço das ondas imaginárias, no sopro suave da brisa na praia da rede apenas chegada com os peixes da última parábola, perdidos nos mistérios do Reino.

E Jesus, o Salvador, o bendito e santo Messias, pergunta placidamente, com voz mansa e terna:

“Entendestes todas essas coisas?”

– Ó Jesus, que eu compreenda!

Neste mundo descrente, que eu creia;
neste mundo impaciente, que eu tenha a paciência do Pai;
neste mundo que grita que só há um reinado, o do homem, que eu vislumbre o Reino que anuncias e revelas;
por ele viva e nele espere e dele seja um dia participante! Amém.

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