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3 dicas para pais de uma criança egocêntrica, de alguém que sabe

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Michael Rennier - publicado em 21/08/19

Usando esses princípios, São João Bosco transformou os órfãos indisciplinados em jovens virtuosos

Edie, minha filha de três anos, e eu estávamos jogando recentemente um jogo altamente competitivo – o Lig-4 – que ela sempre vence porque ela altera as regras à medida que o jogo avança – até que de repente ela pega o jogo e vai embora.

Eu exigi que ela retornasse porque eu estava finalmente ganhando pela primeira vez, e não é justo desistir no meio do jogo. Mas ela me explicou que não voltaria porque queria “jogar aqui agora sozinha”. Ela não sentia nenhuma culpa. Tudo que eu pude fazer foi rir. Afinal de contas, o egocentrismo inconsciente é um comportamento bastante típico dos bebês.

Minha esposa e eu temos cinco filhos, e há dias em que a nossa casa se torna uma zona de guerra, quando brigas acontecem sobre quem é dono do brinquedo, quem pegou o quê… Como pai, minha paciência às vezes esgota. Com as crianças mais novas, isso não é muito preocupante, já que um estágio de desenvolvimento egocêntrico é bastante normal, mas eu espero fervorosamente que elas melhorem nisso à medida que amadureçam. Se eu acabar vendo meus filhos adolescentes ou jovens adultos egocêntricos, terei falhado como pai?

O que me preocupa é que não posso forçá-los a se tornarem pessoas generosas e conscientes. Eu não posso discipliná-los pelo egocentrismo. Claro, eu posso fazê-los compartilhar brinquedos e puni-los quando eles são egoístas, mas eu não posso fazer com que eles façam o que eu quero para sempre. Eles crescerão e farão suas próprias escolhas.

São João Bosco entende essa situação. Como padre celibatário que vivia na Itália no século XIX, ele tecnicamente não tinha filhos, mas toda a sua vida foi dedicada a ser essencialmente um pai substituto para órfãos. Ele costumava ter 500 meninos de cada vez sob seus cuidados, a quem ele preparava para a Primeira Comunhão, educava, alimentava, abrigava e formava para o trabalho. Antes de vir para o orfanato, esses garotos muitas vezes faziam parte de grupos de rua indisciplinados que vagavam pela cidade. Eles eram egocêntricos, ladrões e até jovens violentos. Os meninos não sabiam dar ou receber amor e suas vidas estavam centradas em cuidar de si mesmos. Se não o fizessem, passariam fome.

Ninguém queria assumir a responsabilidade por eles – ninguém a não ser João Bosco. Ele viu seu potencial. Tornando-se seu pai substituto e usando uma filosofia educacional específica, ele fez brotar o melhor deles. No final, muitos de seus jovens estudantes cresceram para serem tão altruístas que eles mesmos se tornaram padres e se dedicaram a se juntar a Bosco em sua obra.

O estilo parental de João Bosco era simples, e ele mesmo resume em três pontos. “O sistema”, diz ele, “baseia-se inteiramente na razão, na religião e na bondade”.

Razão

Quando era jovem, Dom Bosco via seus professores distantes. Era difícil pedir o conselho deles, então ele prometeu que sempre teria uma política de portas abertas. Toda criança era incentivada a fazer perguntas ou procurar aconselhamento a qualquer momento. Por causa disso, o ambiente em seu orfanato foi de apoio, não repressivo. Ele permaneceria na companhia diária das crianças e as ajudaria a entender as regras, muitas vezes oferecendo orientação para evitar quaisquer infrações antes que elas acontecessem. Ao fazer isso, ele raramente tinha que punir e, em vez disso, ganhava sua confiança ensinando-lhes as razões das regras.

As crianças precisam de espaço para argumentar e questionar, mesmo que estejam questionando as regras ou argumentando a partir de uma motivação autocentrada. É um bom sinal quando eles fazem isso. Isso significa que eles estão pensando profundamente, desenvolvendo suas habilidades de raciocínio e começando a ver o mundo de uma perspectiva mais ampla.

Religião

Dom Bosco introduziu a fé católica em sua totalidade como um componente central de seu estilo de paternidade. Uma das razões pelas quais ele acreditava que isso era tão importante, no entanto, pode ser resumida para quase toda pessoa, mesmo se você é um pai que não é católico ou mesmo muito religioso. Ele ensinou as crianças a beleza da virtude. A virtude é uma realidade interior que cada um de nós desenvolve, levando à felicidade através de ações boas e altruístas.

Como pais, não podemos confiar inteiramente em consequências negativas para ensinar nossos filhos. Podemos ser capazes de sancioná-los temporariamente para que se comportem de maneira altruísta, mas se eles não mudarem por dentro, eles ainda poderão ser egocêntricos. Modelando a virtude para nossos filhos e tratando-os suavemente, vamos conquistar seus corações e eles começarão a pensar nos outros e praticarão a virtude por conta própria.

Bondade

Dom Bosco diria: “Façamo-nos amados e possuiremos seus corações”. Seu estilo de criação era sempre passar tempo com os filhos. Ele jogou seus jogos, chamou-os de amigos e deu-lhes a responsabilidade de mostrar sua confiança. Foi assim que ele se tornou pai de todos os meninos em dificuldades da cidade. Sua bondade os conquistou.

Quando somos gentis com nossos filhos, eles sabem que, mesmo quando os punimos, é porque os amamos. Quando permitimos que eles brinquem, façam uma bagunça e cometam erros sempre sabendo que eles nunca perderão nossa bondade, eles podem internalizar as lições que esperamos que aprendam. A bondade de um pai ou mãe vai diretamente ao coração de uma criança e, uma vez que as crianças saibam que são amadas e apoiadas de qualquer maneira, elas terão a confiança necessária para desenvolver os recursos internos necessários para abrir seus corações para o mundo.

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