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As três conversões de Santo Agostinho

ST AUGUSTINE

Public Domain

Arquidiocese de São Paulo - publicado em 28/08/19

"Seguindo o seu exemplo, nós, que não podemos mudar de uma vez, devemos lutar para melhorar em algum aspecto concreto"

Por ocasião da festa de Santo Agostinho, celebrada neste dia 28 de agosto, dom Carlos Lema Garcia, bispo auxiliar da arquidiocese paulistana, publicou no jornal O São Paulo o seguinte artigo sobre “as três conversões” do grande santo cuja influência se estende há séculos sobre a vida da Igreja:

Santo Agostinho: três conversões

Celebramos no dia 28 de agosto a memória de Santo Agostinho. Nascido em Tagaste, no norte da África, em 354, era filho de Patrício, um pagão que depois se converteu, e de Mônica, cristã fervorosa. Essa mulher apaixonada, venerada como santa, exerceu sobre o filho uma grandíssima influência e o educou na fé cristã. 

O jovem, de inteligência aguda, recebeu uma boa educação. No entanto, teve uma juventude cheia de altos e baixos, procurando a felicidade no prazer, no estudo, numa vida de boemia. Certo dia, no tormento de suas reflexões, tendo-se retirado num jardim, ouviu improvisadamente uma voz infantil que repetia uma cantilena que nunca tinha ouvido: “toma, lê, toma, lê”. Pensando se tratar de uma inspiração divina, deparou-se com um texto paulino e o seu olhar caiu na passagem da epístola aos Romanos em que o Apóstolo exorta a abandonar as obras da carne e a se revestir de Cristo (cf. Rm 13,13-14). 

Foi o momento da primeira conversão: aos 32 anos, Agostinho foi batizado por Santo Ambrósio, durante a Vigília Pascal, na Catedral de Milão. Depois do Batismo, Agostinho decidiu regressar à África com os amigos, com a ideia de praticar uma vida comum, de tipo monástico, a serviço de Deus e passou a dedicar-se à vida contemplativa e ao estudo. Este era o sonho da sua vida. Agostinho tinha preparação intelectual e vontade de dedicar-se apenas à vida intelectual, à contemplação, ao estudo e aos seus escritos. 

Mas Deus lhe pediu que se tornasse sacerdote e bispo. Foi esta a sua verdadeira e segunda conversão e passou a servir aos fiéis, continuando a viver com Cristo e por Cristo, mas a serviço de todos. Isso era para ele muito difícil, mas compreendeu desde o início que só vivendo para os outros, e não simplesmente para a sua contemplação particular, podia realmente viver com Cristo e por Cristo. Assim, renunciando a uma vida apenas de meditação, Agostinho aprendeu, muitas vezes com dificuldade, a pôr à disposição e em benefício do próximo o fruto da sua inteligência. Aprendeu a comunicar a sua fé ao povo simples, desempenhando, incansavelmente, uma atividade generosa e difícil. 

Há, porém, uma última etapa do caminho agostiniano, uma terceira conversão: aquela que o levou todos os dias da sua vida a pedir perdão a Deus. Inicialmente, tinha pensado que quando fosse batizado, na vida de comunhão com Cristo, nos sacramentos, na celebração da Eucaristia, teria alcançado a perfeição doada no Batismo e reconfirmada na Eucaristia (cf. Bento XVI, audiência geral de 27/02/2008). Ainda não compreendera que a perfeita santidade se alcança apenas após a morte.

Santo Agostinho tornou-se um grande santo que iluminou a história da Igreja por ter sido generoso em corresponder aos chamados de Deus. São conhecidas suas palavras: “Se disseres basta, estás perdido: caminha mais, progride mais…”

Nestes anos de caminhada sinodal, nós também precisamos de uma conversão permanente. Até o fim da nossa vida, teremos necessidade dessa humildade de reconhecer que somos pecadores a caminho, até que o Senhor nos dê sua mão definitivamente e nos introduza na vida eterna. Seguindo o exemplo das sucessivas conversões de Santo Agostinho, nós, que não podemos mudar de uma vez, devemos lutar para melhorar em algum aspecto concreto. Por exemplo, na fidelidade à vida de oração e no modo de conviver e acolher as pessoas que encontramos no dia a dia: no trabalho, na família, na igreja, na vida social etc.

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