Não se esqueça do que aconteceu no meio da tempestade, quando os apóstolos entraram em pânico e gritavam: “Salva-nos, Senhor, ou pereceremos!”Atos de violência estarrecedores inundam as manchetes dos jornais. Terrorismo, tráfico, crimes contra os mais indefesos, corrupção…
Ao mesmo tempo, a fé cristã se vê obrigada a recuar cada vez mais para um canto escuro da realidade cotidiana.
Aqui nos Estados Unidos, por exemplo, querem obrigar as instituições católicas a pagar abortos, coisa que a nova legislação federal de saúde pública pretende fazer no país inteiro. Em paralelo, os distúrbios sociais na cidade de Ferguson revelaram uma divisão racial profunda e expõem a rapidez com que tumultos e saques podem se espalhar por uma grande cidade norte-americana. Convicções católicas (e judaicas e muçulmanas e budistas…) sobre o casamento e a família são denunciadas como se fossem fanatismo e veem os seus direitos serem negados.
O que é que um cristão deve fazer neste panorama?
À primeira vista, as opções parecem ser “fuja se puder; se não puder, esconda-se, encolha-se em posição fetal e reze para que a sua morte seja indolor”.
Mas nós temos opções melhores do que essas.
Não se esqueça, caro leitor, do que aconteceu no meio da tempestade, quando os apóstolos entraram em pânico e gritavam: “Salva-nos, Senhor, ou pereceremos!”. Jesus disse a eles: “De que tendes medo, homens de pouca fé?”. E então se levantou, repreendeu os ventos e o mar e fez-se a mais perfeita calmaria.
Nós sabemos que as forças das trevas não vão destruir as forças do bem, da beleza e da verdade. Seria impossível. O mundo é de Deus, não do diabo. E a vontade de Deus, em última instância, não será derrotada.
Uma entrevista com o escritor Brian Jacques ficou na minha mente durante muitos anos. O falecido Jacques é o autor de uma série de livros para jovens. Na entrevista, ele defendeu os seus enredos dizendo: “O bem sempre vence. Sempre! Não só nos livros, mas na vida real também. Se o bem não vencesse, todos nós estaríamos por aí marchando com suásticas tatuadas na testa, não estaríamos?”.
Eu acho que é uma boa comparação. Imagine como as pessoas se sentiam em 1941. Londres sofreu o pior ataque da Alemanha em maio daquele ano. O holocausto entrava numa fase nova e brutal de eficiência assassina. Stalin começava a fazer deportações étnicas maciças. Em dezembro, Pearl Harbor foi atacada pelo Japão.
No meio daquela escuridão arrebatadora da Segunda Guerra Mundial, tudo parecia desmoronar. Mas, hoje, nós sabemos que o mundo não acabou naquele ano. O avanço esmagador do mal se chocou com uma reação fantástica. As nações aprenderam a rejeitar o totalitarismo e uma nova era de paz e de prosperidade foi anunciada.
Se isto era verdade em 1941, também é verdade hoje.
Os bandidos islamitas, os cruéis senhores da droga e da guerra e os vários profetas do anarquismo constituem uma grave ameaça neste momento; mas se o mundo responder com coragem e capacidade de sacrifício, essas ameças também vão ser reduzidas a notas de rodapé no livro da história da humanidade. E qual será a “novidade” que o mundo vai aprender desta vez? Como esse novo aprendizado irá fortalecer o nosso futuro?
1941 não foi assustador só internacionalmente. Aqui dentro dos Estados Unidos, depois de quase 80 anos de suposta “liberdade”, os negros norte-americanos ainda eram segregados no sul do país. Nos Estados do norte, começavam a se intensificar os protestos contra os desprezos dos empregadores. O sonho de Martin Luther King ainda estava a uma distância de 22 anos no futuro. Mas os líderes dos direitos civis, ao lutarem pela verdade, se mantinham do lado da bíblia e dos princípios fundadores da pátria. E uma cultura em que o racismo estava espalhado por toda parte acabou se transformando numa cultura em que o racismo foi sendo condenado em toda parte.
Se nos dias de hoje os nossos países estão rejeitando mais uma vez as verdades cristãs, este erro também se tornará um passo no caminho, ainda que doloroso, para aprendermos o porquê de essas verdades serem tão importantes.
Será desastrosa a decisão de negar ao nascituro os seus direitos e de negar aos casais férteis o especial auxílio familiar chamado matrimônio. Será necessária muita coragem e sacrifício, agora e depois, mas, no final, o mundo abraçará o nascituro e o matrimônio mais solidamente do que nunca.
No dia do julgamento final, quando estivermos cara a cara com Nosso Senhor, poderemos ficar tentados a lhe perguntar: “Senhor, por que deixaste os laicistas radicais irem tão longe? Por que os deixaste infiltrar-se em nossas casas através da pornografia? Por que deixaste as nossas escolas rejeitarem toda a religião? Por que deixaste a nossa sociedade redefinir o conceito de matrimônio e enfraquecer o especial auxílio que o único matrimônio verdadeiro significa para os casais férteis?”.
E Ele nos responderá: “Eu não fiz nada de diferente do que sempre fiz. Eu segui o mesmo plano. Eu enviei os cristãos. Eu enviei vocês”.
Ele não apenas nos envia: Ele nos dá uma grande preparação. As respostas para os problemas do mundo estão ao nosso alcance nas nossas estantes: o evangelho da vida, da fé e da razão, de São João Paulo II; o Deus que é Amor, Caridade e Verdade, de Bento XVI; a proclamação do evangelho no cotidiano do mundo de hoje, conforme os ensinamentos do papa Francisco.
Cabe a nós, cristãos, buscar essas respostas no tesouro da nossa fé, tirá-las das estantes e compartilhá-las com o mundo inteiro, ajudando os nossos vizinhos a reconstruir as suas vidas despedaçadas.
O que é que você faz quando tudo está caindo aos pedaços? Você começa a recolocar as coisas no seu devido lugar, com muita coragem, confiança e constância.