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Papa denuncia o desmatamento excessivo em Madagascar

pope madagascar

Tiziana Fabi / AFP

Agências de Notícias - publicado em 08/09/19

Após sua visita de menos de 48 horas a Moçambique, o papa abordou diretamente a questão em seu primeiro discurso em Madagascar

O papa Francisco lançou neste sábado um alerta por causa do “desmatamento excessivo” de Madagascar e sugeriu que as autoridades criem empregos que respeitem o meio ambiente para tirar as pessoas de uma precariedade “desumana”.

Após sua visita de menos de 48 horas a Moçambique, o papa abordou diretamente a questão em seu primeiro discurso em Madagascar, também um dos países mais pobres do planeta.

O pontífice argentino incentivou o país a lutar contra “a corrupção e a especulação que aumentam a desigualdade social”.

“Devemos enfrentar as situações de grande precariedade e exclusão que ainda produzem condições de pobreza desumana”, afirmou Francisco.

O papa, muito sensível à questão da preservação do planeta que ele chama de “lar comum”, estava especialmente preocupado com o “desmatamento excessivo em favor de alguns” na ilha.

Incêndios florestais, caça furtiva, exploração desenfreada de florestas preciosas, exportações ilegais: as causas são muitas, disse o papa, para quem “isso compromete o futuro do país”.

Em Madagascar, a quinta maior ilha do mundo, com 587.000 km2 e 25 milhões de habitantes, nove em cada dez pessoas vivem com menos de dois dólares por dia.

E as atividades das florestas “às vezes garantem sua sobrevivência”, reconheceu o pontífice.

A única solução, em sua opinião, é “criar empregos e atividades geradoras de renda que respeitem o meio ambiente e ajudem as pessoas a sair da pobreza”.

“Não pode haver uma abordagem ecológica real, nenhum trabalho concreto para proteger o meio ambiente, sem a integração da justiça social”, afirmou.

“Cerca de 200.000 hectares de floresta são perdidos todos os anos em Madagascar”, disse Philip Boyle, embaixador britânico na grande ilha, que ouviu o discurso do papa.

“Algumas projeções falam até do “desaparecimento da maior parte da floresta úmida até 2040”, acrescentou.

O “papa dos pobres” chegou na sexta-feira à noite em Moçambique, outra nação muito desfavorecida.

No sábado à noite, se encontrarou cerca de 12.000 jovens escoteiros católicos malgaxes, para uma vigília de oração em um campo preparado para a ocasião.

– Desemprego dos jovens –

O papa disse aos jovens que “todos sabemos, mesmo por experiência pessoal, que vocês podem se desviar e correr atrás de miragens que prometem e encantam com uma felicidade aparente, rápida, fácil e imediata, mas que, no final, deixa seu coração, olhar e alma a meio caminho”.

Ele alertou para “aquelas ilusões que, quando jovens, nos seduzem com promessas que nos entorpecem, retiram nossa vitalidade, alegria, nos tornam dependentes e presos em um círculo aparente, sem saída e cheio de amargura”.

Uma amargura, segundo o pontífice, que ocorre “quando não se tem o mínimo necessário para lutar todos os dias, quando as oportunidades efetivas de estudar não são suficientes ou quando se sente que seu futuro está parado devido à falta de trabalho, à precariedade, às injustiças sociais e, em seguida, ficam tentados a desistir”, afirmou, de acordo com a tradução divulgada pelos serviços do Vaticano.

“É verdade que podemos fazer grandes coisas sozinhos, sim; mas juntos podemos sonhar e nos comprometer com coisas inimagináveis”, acrescentou o pontífice.

“Através de vocês, o futuro entra em Madagascar e na Igreja”, acrescentou.

Mais da metade da juventude local não encontra trabalho, mesmo que possua vários diplomas. A recente instabilidade do país não favoreceu seu desenvolvimento econômico, baseado principalmente na agricultura e na exportação de baunilha e cacau.

O presidente Andry Rajoelina, de tendência liberal, voltou ao poder no ano passado depois de uma campanha na qual prometeu emprego e moradia à população.

No sábado de manhã, Rajoelina se encontrou com o pontífice. Desde sua independência da França em 1960, os malgaxes “afundaram em desespero, perderam suas referências”, reconheceu Rajoelina perante o papa e prometeu “endireitar o país” e “prestar atenção aos menos favorecidos”.

Por outro lado, ao falar sobre “os abundantes recursos” da ilha, ele não mencionou o desmatamento.

– Vale a pena” –

Um dos destaques da visita do papa argentino seria a grande missa no domingo, quando eram esperadas cerca de 800.000 pessoas, que já começavam a chegar à capital, Antananarivo, cheia de enormes cartazes com a imagem do pontífice.

Fiéis de todo o país convergirão para um imenso campo de 60 hectares de vinhas, recondicionado e batizado “Soamandrakizay” (‘um bem para a eternidade’).

Prospère Ralitason, um agricultor de 70 anos, fez a viagem com outros 5.000 peregrinos de Ambatondrazaka (centro-leste), a 200 km da capital.

“Estamos cansados, mas vale a pena fazer todos esses sacrifícios para ver o papa com nossos próprios olhos e receber sua bênção”, disse ele à AFP.

Ele espera com impaciência para ouvir a homilia do papa.

“Gastamos 65.000 ariary (16 euros; US$ 18) e trouxemos 3 quilos de arroz para fazer a viagem até Antananarivo”, contou outro peregrino do grupo, Jean-Claude Rabemanatrika, 40 anos, e também agricultor.

“Em casa, temos cinco anos, não temos dinheiro suficiente, então tivemos que escolher: apenas uma família poderia fazer a viagem”, acrescentou.

(AFP)

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