Os ataques contra as comunidades cristãs tiveram início em Maio, em ToulféOs mais recentes ataques ocorridos no Burkina Faso têm permitido às autoridades suspeitar da existência de uma cooperação entre vários grupos terroristas que actuam na região, o que poderá implicar um aumento de violência contra as populações civis, nomeadamente os cristãos. O ataque em Koutougou, no norte do Burkina Faso, no passado mês de Agosto, que causou pelo menos 24 mortos entre as forças de segurança, além da perda de inúmero material de guerra, foi o sinal de alerta.
Para as autoridades, estará a haver uma coordenação entre os diversos grupos terroristas que actuam nesta região africana, na sua esmagadora maioria são de génese jihadista, e que terão em vista o controlo de uma vasta parcela de território. Burkina Faso, Mali, Níger, Benin, Nigéria, Gana e Togo são alguns dos países onde se têm verificado ataques de diversos grupos terroristas de que se destacam a Al-Qaeda do Magrebe Islâmico (AQMI), e Estado Islâmico, o Boko Haram e o Ansarul Islam.
Recorde-se que a deterioração das condições de segurança levaram já as autoridades do Burkina Faso a decretar o estado de emergência em diversas províncias junto à fronteira com o Mali. Esta situação está a revelar-se particularmente preocupante no que diz respeito à comunidade cristã. Ainda em Setembro, a Fundação AIS dava conta de que os cristãos do Burkina Faso estão a ser alvo de ameaças por parte de grupos extremistas, sendo forçados a abandonar as suas casas para não terem de se converter ao Islão, no que está a ser visto como um “plano para semear o terror” neste país africano.
Os ataques contra as comunidades cristãs tiveram início em Maio, em Toulfé, quando jihadistas mataram cinco pessoas que participavam numa celebração religiosa. Posteriormente, os terroristas avançaram para Babo, onde os cristãos foram também alvo de ultimato. Muitos fugiram e haverá pelo menos três pessoas assassinadas entre os que decidiram permanecer na cidade. Entre os mortos está Jean-Paul, um responsável local por grupos de oração entre a comunidade cristã.
Posteriormente, o alvo foi a localidade de Hitté. Segundo uma fonte contactada pela Fundação AIS, “Hitté ficou sem cristãos”. De Hitté, os homens armados pertencentes a grupos extremistas chegaram a Rounga. Calcula-se que, apenas nestas duas localidades, “fugiram quase duas mil pessoas” acolhidas, entretanto, “numa escola primária em Ouindigui”. Uma localidade vizinha, Titao, também alberga muitos cristãos em fuga.
As fontes da Fundação AIS, cuja identidade importa preservar por questões de segurança, enfatizam que se está perante “uma situação muito difícil de gerir” mas que desencadeou – e importa sublinhar isso – uma onda de solidariedade que inclui também elementos da população muçulmana.
Já no início de Agosto o presidente da Conferência Episcopal do Burkina Faso e do Níger, o bispo de Dori, D. Laurent Birfuoré Dabiré, havia denunciado os massacres de cristãos por parte de grupos jihadistas que actuam com apoio do exterior e que, segundo ele, “estão melhor armados e equipados” do que os elementos do exército nacional. “Se o mundo continuar a não fazer nada, o resultado será a eliminação da presença cristã”, alertou o presidente da Conferência Episcopal.
Esta situação potencialmente explosiva já estava referenciada no último Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo editado pela Fundação AIS. “Existe – pode ler-se no documento – o perigo de a crise e a instabilidade política se espalharem em toda a região. Como consequência” – conclui o Relatório – o Burkina Faso está ameaçado pelo jihadismo literalmente por todos os lados”.
Recorde-se que, em consequência desta ameaça regional, o Burkina Faso, o Mali, a Mauritânia, o Níger e o Chade estão a trabalhar já em conjunto com os militares franceses presentes na região, tendo constituído uma força comum anti-terrorista.
(Departamento de Informação da Fundação AIS)