separateurCreated with Sketch.

“O maior desafio que temos é aprender a ficar parados, em silêncio”

WALKING ALONE IN THE DESERT WITH FOOTSTEPS
whatsappfacebooktwitter-xemailnative
Reportagem local - publicado em 04/11/19
whatsappfacebooktwitter-xemailnative

Padre espanhol Pablo d’Ors, teólogo e escritor: espiritualidade católica de interioridade e contemplação é essencialNo frenesi de uma sociedade “da mobilidade absoluta”, a interioridade e a contemplação propostas pela espiritualidade católica são essenciais, destaca o pe. Pablo d’Ors, teólogo e escritor espanhol, em entrevista à agência católica portuguesa Ecclesia:

“A viagem interior é a viagem mais importante. O maior desafio que temos, hoje em dia, é aprender a ficar parados, em silêncio”.

O pe. Pablo fundou em 2014 a Associação Amigos do Deserto, voltada a aprofundar a dimensão contemplativa da vida cristã no cotidiano de leigos e leigas. Lançando agora a versão em português do seu livro “O amigo do deserto“, o sacerdote, que foi nomeado consultor do Conselho Pontifício da Cultura pelo Papa Francisco, considera que é um erro “identificar a vida contemplativa apenas com a vida monástica” e afirma que a meditação ajuda as pessoas a encontrarem “o mais autêntico e genuíno de si mesmas”:

“O desafio é difundir a mística (…) A vida contemplativa é para todos os cristãos. Todos temos um chamamento à interioridade e à escuta”.

Apresentando o silêncio como “um novo paradigma”, ele espera que a dimensão contemplativa da vida cristã seja mais divulgada:

“O que aconteceu com a Palavra, penso que pode acontecer hoje com o silêncio”.

Afinal, complementa o padre, palavra e silêncio são duas “faces da mesma moeda”.

No tocante ao livro “O amigo do deserto“, a personagem principal faz diversas viagens pelo Saara, “metáfora da interioridade” e de um “subsolo comum” para crentes e não crentes, segundo o autor:

“A minha proposta é que a Europa tem de voltar ao deserto para descobrir o que é”.

Para tanto, o sacerdote destaca a importância do desapego das coisas materiais e a “experiência de pobreza espiritual”, que, paradoxalmente, “é uma riqueza”. Na viagem interior pelo deserto, o maior inimigo, segundo ele, são as lutas interiores e os esquemas mentais que nos transportam para um mundo ilusório:

“A principal tentação é a mente, é pensar que o que está na nossa mente é a realidade”.

O livro “O amigo do deserto” foi recém-lançado em Portugal pela editora Quetzal.



Leia também:
Castelo Interior: a vida humana é “habitada” – e quem a habita é Deus



Leia também:
“Deus é silêncio. O demônio é barulho”