Ela morava de favor atrás de uma igreja no interior de RondôniaO jovem advogado Gabriel Massote, de Uberlândia, MG, foi diagnosticado aos 26 anos com leucemia. Na busca da cura, fez quase um ano e meio de quimioterapia e chegou a receber alta, mas o câncer no sangue retornou mais agressivo em 2013, reduzindo as opções de tratamento a uma única: o transplante de medula.
A muitas centenas de quilômetros dali, no interior do Estado de Rondônia, a cabeleireira Elza dos Santos, desempregada, se deparou com uma série de cartazes nas proximidades de um supermercado da cidade de Ariquemes e foi ver de que se tratava. Foi assim que, pela primeira vez, ela ouviu falar em doação de medula óssea.
“A moça me explicou como fazia e eu aceitei”.
Elza fez o cadastro como doadora. Este procedimento, muito simples e capaz de salvar vidas, é explicado no seguinte artigo de Aleteia:
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Nesse meio-tempo, Gabriel continuava à espera de um doador compatível. E não havia nenhum em sua família. Aliás, as probabilidades de ele encontrar essa compatibilidade no Registro de Doadores de Medula Óssea (Redome) era de aproximadamente 1 em 100 mil, tão baixa que o advogado achava que não iria sobreviver.
“Vivi momentos bem difíceis. Fiquei quase um ano sem sair do hospital”.
Gabriel, porém, foi agraciado com o quase impossível. Lá em Rondônia, Elza foi contatada pelo Redome e informada de que a sua medula era compatível com a de uma pessoa necessitada do transplante. Ela não sabia quem seria o beneficiado, mas não precisava conhecê-lo para ter empatia:
“Me coloquei no lugar da mãe dele, porque também tenho dois filhos e faço tudo por eles”.
Ela viajou até o Rio Grande do Norte para realizar o transplante. A primeira tentativa, em novembro de 2013, não deu certo. Elza voltou a ser chamada para coletar outro tipo de células. Aceitou prontamente e fez uma segunda viagem, desta vez para São Paulo, a fim de repetir o processo. Quem conta é o próprio Gabriel, de 35 anos, ao site Sempre Família:
“Ela me salvou duas vezes e hoje 100% das minhas células sanguíneas são da Elza”.
Profundamente agradecido, Gabriel quis descobrir a identidade do doador e fazer algo em retribuição.
“Quando conheci a Elza e fiquei sabendo que ela e o marido estavam desempregados e morando de favor atrás de uma igreja, tive certeza de que devia ajudá-los”.
O advogado então se inscreveu em programas de televisão na tentativa de conseguir recursos para dar uma casa à mulher que tinha lhe doado uma vida nova. Mas não obteve o sucesso esperado:
“Saímos zerados”.
Ele não desistiu: lançou uma campanha de financiamento coletivo na internet e, em poucos dias, 465 pessoas, comovidas com a história de Elza, doaram um total de 117 mil reais. Foi graças a mais este gesto de generosidade de desconhecidos para com desconhecidos que a casa onde Elza e a família vivem hoje, na cidade rondoniense de Ji-Paraná, pôde ser comprada e reformada. E não só a casa: no último dia 19 de outubro, Elza ganhou a nova moradia e também um novo salão de beleza, para poder exercer o seu ofício e gerar receita para se manter.
Gabriel relata:
“Essa residência fazia parte de uma briga judicial. Entrei em contato com os advogados envolvidos e, depois de uma negociação pesada, fechamos um acordo. O valor arrecadado foi suficiente para comprar a casa, ajudou na reforma e deu para montar um salão de beleza para a Elza trabalhar”.
De doadora generosa a recebedora emocionada de uma doação quase inacreditável, Elza resume:
“Fui só uma gota na vida desse rapaz que eu não conhecia, mas hoje ele é o oceano inteiro na minha vida. Nunca imaginei que isso tudo estaria acontecendo e só tenho que agradecer. Afinal, fiz algo simples, que foi doar minha medula, e ganhei um anjo na minha vida”.
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A partir de matéria do Sempre Família
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