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Existe mentira branca, que não prejudica ninguém?

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Padre Reginaldo Manzotti - publicado em 11/11/19

Uma análise da vocação moral do ser humano à luz do Oitavo Mandamento da Lei de Deus

O oitavo mandamento da Lei de Deus nos remete ao que está escrito no Antigo Testamento: “Não levantarás falso testemunho contra teu próximo” (Ex 20, 16). E nos faz lembrar também o que Jesus nos diz em Mateus: “Ouvistes ainda o que foi dito aos antigos: Não jurarás falso, mas cumprirás para com o Senhor os teus juramentos” (Mt 5, 33).

Esse mandamento proíbe mentir e falsear a verdade. Essa proibição moral decorre da vocação que todo o cristão deve ter como testemunho de Deus, que é a verdade. E as ofensas a este mandamento se exprimem por palavras, atos ou omissão.

O ser humano tende, naturalmente, à verdade – e essa é a sua base. A essência do ser humano é boa, e tende para o bem. Isso é explicado no Evangelho de Mateus, quando Jesus nos ensina: “Dizei somente: Sim, se é sim; não, se é não. Tudo o que passa além disto vem do Maligno” (Mt 5, 37).

Assim, nos surge a dúvida: existe mentira branca? Ou seja, a mentira que não prejudica ninguém? Eu digo que não! Não existe mentira branca, porque isso é falsear a verdade. “Dizer sim quando é sim; não quando é não”.

Porém, lembremos que ninguém é obrigado a revelar a verdade para quem não tem o direito de conhecê-la. Portanto, não temos a obrigação de dizer a verdade para todo mundo, mas o dever de não mentir. Então, diante de uma pessoa que não tem nada a ver com o assunto, podemos dizer “não, eu não vou contar”.

As pessoas não podem viver em sociedade se não tiverem confiança recíproca, se a verdade não for algo comum. Essa virtude desenvolve a confiança. Por isso, a veracidade do que se fala é importantíssimo, implica em verdade e discrição.

O discípulo de Cristo deve aceitar a viver na verdade e isso é fundamental. Como nos diz São João: “Se dizemos ter comunhão com Ele, mas andamos nas trevas, mentimos e não seguimos a verdade” (1Jo 1, 6).

Outra passagem foi quando Pilatos, diante de Jesus Cristo, lavou as mãos. Esse ato de lavar as mãos é mentira, uma mentira branca, pois ele não se comprometeu. Ele sabia a verdade, mas teve medo. Claro que o próprio Nosso Senhor disse “a maior culpa está em quem me entregou”. Mas ele foi conivente.

No Evangelho de João, Jesus diz: “Eu vim para dar testemunho da verdade” (Jo 18, 37). O cristão não pode se envergonhar de dar testemunho do Senhor, quando é necessário dar a declaração de fé; quando tem que falar a verdade, pois ela deve ser dita sempre (2 Tm 1, 8). Se somos discípulos, temos que nos configurar a Jesus, pois Ele é a verdade.

Devemos ser livres da mentira, como nos diz São Paulo, na Carta aos Efésios: “Renunciai à mentira. Fale cada um a seu próximo a verdade, pois somos membros uns dos outros. (Ef 4, 25).”

O pai da mentira é o diabo. Foi Jesus quem disse: Vós tendes como pai o diabo e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Quando alguém profere a mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso. O diabo é o pai da mentira. (Jo 8, 44).

Mas o texto de Pedro é mais ilustrativo e nos mostra que a mentira não pode ter espaço, porque como diz São Pedro: “Toda a mentira, toda a forma de hipocrisia, inveja e maledicência deve ser rejeitada por um discípulo de Jesus” (1Pd 2, 1). Por enquanto, encerramos por aqui e na continuação deste artigo, falaremos sobre as ofensas à verdade.


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