Aleteia logoAleteia logoAleteia
Segunda-feira 02 Outubro |
Aleteia logo
Estilo de vida
separateurCreated with Sketch.

O bem e o mal que os celulares podem causar ao tempo em família

SMARTPHONES

Dmytro Zinkevych - Shutterstock

Reportagem local - Sempre Família - publicado em 12/11/19

Aumentou o tempo que pais e filhos passam "sozinhos acompanhados" - mas nem tudo é má notícia

O site norte-americano The Conversation publicou um relevante artigo de Stella Chatzitheochari, professora de Sociologia da Universidade de Warwick, e Killian Mullan, docente de Sociologia e Política da Universidade de Aston, sobre o tempo que pais e filhos passam diante de uma tela de celular e os impactos desse tempo no seu comportamento relacional.

Um dos impactos mais notáveis na forma de interação é descrito por um termo que foi criado pela professora de Estudos Sociais Sherry Turkle: “sozinho acompanhado”. A expressão retrata a situação de uma pessoa que fica tão absorta com o seu celular a ponto de ignorar quase completamente quem está ao seu lado, como se estivesse de fato sozinha, mesmo estando acompanhada. E este cenário tem se verificado cada vez mais na convivência das famílias.

A pesquisa de Stella Chatzitheochari e Killian Mullan analisou precisamente o tempo diário de convivência entre pais e filhos de 8 a 16 anos, comparando os cenários no ano 2000 e no ano 2015.

Uma descoberta significativa foi que as crianças passaram mais tempo diário com os pais em 2015 do que em 2000: 347 minutos por dia em 2000 contra 379 minutos em 2015, um aumento de meia hora, todo ele passado em casa. No entanto, o que pareceria uma boa notícia tem o seu porém: os adolescentes afirmaram que passaram esse tempo adicional “sozinhos”, embora estivessem em casa com seus pais.

O estudo observou ainda que as famílias reduziram o tempo de televisão em 2015 e passaram mais tempo em refeições ou atividades de lazer. Mas os momentos de convivência, em boa medida, passaram a ser permeados pelo uso intenso do celular – não só pelas crianças e adolescentes, mas pelos pais também. Os dados pesquisados indicaram que tanto adultos quanto adolescentes dedicam praticamente o mesmo tempo a usar dispositivos tecnológicos enquanto estão juntos: 90 minutos, em média. Este padrão se verifica principalmente na faixa de 14 a 16 anos. Em 2015, os adolescentes dessa faixa etária passaram cerca de uma hora a mais em casa “sozinhos acompanhados” do que passavam no ano 2000.

Há muitos pontos benéficos no uso da tecnologia como auxílio para a convivência entre as famílias. Hoje é muito mais fácil, rápido e barato intercambiar mensagens, acompanhar-se mutuamente quando alguém está fora e até mesmo tornar a relação mais afetiva, com a troca de mensagens carinhosas e gestos de preocupação e cuidado ao longo do dia.

Entretanto, também há evidências de que a simples presença de um celular tem o potencial de afetar negativamente as interações pessoais – tanto é que, apesar do aumento do tempo que os filhos e pais passaram em casa em 2015 na comparação com o ano 2000, os pais afirmaram que a qualidade do tempo em família diminuiu em vez de aumentar. A pesquisa identificou, por exemplo, que adultos e crianças usam o celular até durante as refeições, um momento que já é relativamente curto e no qual se perdem ainda mais minutos de interação.

Percebe-se uma tendência das pessoas a concluir que o impacto dessa transformação relacional é predominantemente negativo, mas não necessariamente é assim. Considerando-se que há pontos negativos e positivos na proliferação dos celulares no dia-a-dia das famílias, mais pesquisas são necessárias para se entender mais objetivamente o real impacto deste fenômeno na qualidade do tempo que as famílias passam juntas.

Como quer que seja, ficou bem claro que o tempo “sozinho acompanhado” aumentou, o que já é suficiente para que se preste mais atenção a esse perigo e se tomem medidas simples para melhorar a qualidade do tempo de convivência. Basta, para começar, deixar o celular de lado mais frequentemente.


PAINTING

Leia também:
“Eu não fiz isso de propósito”: vamos ensinar o senso de responsabilidade aos nossos filhos

Tags:
ComunicaçãoFamíliatecnologia
Apoiar a Aleteia

Se você está lendo este artigo, é exatamente graças a sua generosidade e a de muitas outras pessoas como você, que tornam possível o projeto de evangelização da Aleteia. Aqui estão alguns números:

  • 20 milhões de usuários no mundo leem a Aleteia.org todos os meses.
  • Aleteia é publicada diariamente em sete idiomas: inglês, francês,  italiano, espanhol, português, polonês e esloveno
  • Todo mês, nossos leitores acessam mais de 50 milhões de páginas na Aleteia.
  • 4 milhões de pessoas seguem a Aleteia nas redes sociais.
  • A cada mês, nós publicamos 2.450 artigos e cerca de 40 vídeos.
  • Todo esse trabalho é realizado por 60 pessoas que trabalham em tempo integral, além de aproximadamente 400 outros colaboradores (articulistas, jornalistas, tradutores, fotógrafos…).

Como você pode imaginar, por trás desses números há um grande esforço. Precisamos do seu apoio para que possamos continuar oferecendo este serviço de evangelização a todos, independentemente de onde eles moram ou do quanto possam pagar.

Apoie Aleteia a partir de apenas $ 1 - leva apenas um minuto. Obrigado!

PT300x250.gif
Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia