No que toca a Deus, três grandes correntes buscam apresentá-Lo de formas diversasHá, em nossos dias como também já houve em outros momentos da história, duas ideias divergentes: “Só Deus basta, a religião não importa” ou, em contrário, “Ter uma religião basta, não importa como Deus é por ela entendido”. Este artigo pretende, de modo breve, mas esclarecedor, abordar a temática em foco.
No que toca a Deus, três grandes correntes buscam apresentá-Lo de formas diversas: o politeísmo, o panteísmo e o monoteísmo. As duas primeiras escolas são, de início, descartáveis, e a terceira aceita tanto pela razão quanto pela fé esclarecida.
Sim, o politeísmo, como o próprio nome diz, supõe vários deuses. É uma forma antiga e arcaica de religião ligada à mitologia, pois a própria razão sem a fé nos ensina ser impossível a existência de dois deuses todo-poderosos, ambos se anulariam e nenhum dos dois seria Deus. O panteísmo ensina que tudo (pan) é Deus (Theos), ou seja, as criaturas racionais e irracionais são partes do Criador. Também essa forma de conceber a Deus não resiste à sã razão. O Senhor é, por definição filosófica, perfeito, absoluto e eterno, ao passo que as criaturas são imperfeitas, temporais (têm começo e fim) e relativas.
Resta, pois, o monoteísmo: há um só Deus distinto de suas criaturas, conforme atestam as descobertas feitas entre povos primitivos e a revelação divina ao patriarca Abraão, no século 19 a. C. Ora, são três as religiões monoteístas da humanidade: o Judaísmo, que ainda vive a expectativa do Messias, que já veio. Daí o Cristianismo. E, por fim, o Islamismo que junta elementos judaicos e cristãos com artigos de fé de antigas religiões árabes. Desse modo, nos toca, por coerência, escolher o Cristianismo. Ele tem, no entanto, vários segmentos (católico romano, católicos ortodoxos, protestantes…), mas a Igreja que, de modo ininterrupto, vem de Cristo até nós é a Católica Apostólica Romana: o Senhor Jesus fundou-a e confiou-a a Pedro – o primeiro Papa – e aos seus sucessores, chamando-a de “minha Igreja” (cf. Mt 28,20).
Dito isso, resta-nos examinar o termo religião. Ele se prende ao verbo latino religo, religare e trata da ligação do ser humano com Deus, por meio de três principais elementos: um Credo, um Culto sagrado e um Código de Ética.
O Credo reúne as verdades da nossa fé, de modo a nos oferecer uma visão global de Deus, do mundo e do ser humano. O que cremos não é mero fruto de estudos pessoais ou acadêmicos, mas, sim, da Revelação divina. Creio porque Deus revelou e provou – com a coerência da mensagem, o cumprimento das profecias e a realização de milagres ser verdade (e não ilusão sem credenciais ou crendice) – o que professamos.
O Culto sagrado leva o homem e a mulher a se exprimirem, de modo filialmente dependente, diante de Deus por meio da oração pessoal ou comunitária. Ela, embora brote sempre do mais íntimo do ser humano, exprime-se também no físico (ajoelhar, erguer os braços, inclinar a cabeça etc.) e no social (em local apropriado, geralmente em um templo, com trajes típicos etc.).
A Ética que inspira o comportamento humano à luz do Evangelho, por isso existe uma disciplina chamada Teologia Moral. São os costumes humanos vistos à luz de Cristo Jesus em Seu Evangelho. Além da Tradição Oral, transmitida ao longo dos séculos e da Tradição Escrita (a Bíblia), interpretadas pelo Magistério da Igreja, temos também a Lei natural moral (presente como a marca do Criador na criatura em toda consciência sadia). A Igreja é guardiã dessa Lei que muito ajuda a guiar o comportamento humano em geral.
Opõe-se à sua fé ou dá forte contra testemunho aquele que se diz católico, porém contesta a Igreja com ideias mais ou menos assim: sou católico, mas… defendo o aborto; sou católico, mas… penso que a Igreja não deve falar em ética na política; sou católico, mas… não vou à Missa; sou católico, mas… não me confesso; sou católico, mas… Dito isso, resta-nos questionar: como alguém pode se dizer católico e opor tantas objeções à Igreja?
O fiel sente com a Igreja, em todas as áreas de sua vida e não em oposição a Ela, por isso não é fácil ser verdadeiro católico nos nossos tempos relativistas nos quais se deseja que a verdade adapte-se ao homem, não o contrário.