Neste domingo, muitos de nós nos veremos no rei rejeitado e ferido que adoramosMais do que nunca, homens e mulheres de hoje estão se sentindo perdidos e sozinhos.
A Solenidade de Cristo Rei, neste domingo, dá uma resposta surpreendente à nossa dor, lembrando-nos que, apesar das dificuldades, cada um de nós é mais do que valioso: cada um de nós é um rei.
Mas Cristo não parece tanto rei nas leituras de hoje. Ele parece uma imagem da derrota.
É uma leitura estranha para a celebração de Cristo Rei. Em vez de nuvens de glória, Jesus tem uma cruz. Em vez de respeito, ele recebe zombarias. Os líderes não se curvam perante ele, mas zombam dele. Ele não tem séquitos de anjos com trombetas; ele não tem nada.
Tudo na cena fala de inutilidade e fracasso: ele não pode andar, gesticular ou conceder favores, porque suas mãos e pés estão pregados. O único disposto a reconhecê-lo é um criminoso condenado; o único reconhecimento de sua realeza é um sinal que diz “rei dos judeus”, para ridicularizá-lo.
Parece familiar, não é?
Nossa cultura está experimentando níveis recordes de solidão e ansiedade que, para muitos, parecem uma crucificação.
Um em cada três americanos que trabalham relata problemas crônicos de estresse. Mais de três em cada quatro de nós regularmente sentem sintomas físicos causados pelo estresse.
Metade de nós fica acordada à noite por causa do estresse e mais da metade briga com os entes queridos por causa do estresse.
Os mais atingidos são os homens de meia idade, que recorrem a álcool, drogas e até suicídio para obter alívio – mas mesmo para os adolescentes, o suicídio há muito tempo ultrapassou os acidentes de carro como a principal causa de morte.
Sentimos-nos crucificados: abandonados pelo amor que esperávamos nos cercar, zombados pelas grandes esperanças que já tivemos, desapontados pelas tarefas que pensávamos que dariam sentido à nossa vida; e presos, incapazes de corresponder às expectativas que os outros colocam sobre nós.
Jesus tem uma resposta clara para quem se sente um fracasso inútil.
A Igreja ensina que cada pessoa batizada não é apenas um rosto sem nome na massa da humanidade; somos profetas, sacerdotes e reis, cada um com uma missão única e insubstituível.
Este é o significado da primeira leitura, sobre a unção do rei Davi. Você se lembra da história de fundo: Jessé leva cada um de seus filhos a Samuel, que quer fazer de um deles um rei. O profeta rejeita todos, até que eles buscam o pequeno Davi, sem importância, que está com as ovelhas.
Essa é a história de cada um de nós; um candidato improvável escolhido por Deus dentre tantos candidatos superiores para ser ungido no batismo e ser feito sacerdote, profeta e rei.
Isso significa que nada é inútil, mesmo quando falhamos.
No batismo, cada um de nós é incorporado à vida de Cristo, incluindo seu sacerdócio quando nos sacrificamos pelos outros, e sua vida profética, quando falamos a sua verdade. Mas também participamos de seu reinado.
O Catecismo diz que exercemos nosso ofício real quando:
- Enfrentamos nossas próprias paixões – esse homem é chamado com razão de rei que faz de seu corpo um sujeito obediente, afirma o texto.
- Permanecemos com outros católicos: em nossas paróquias, em organizações católicas e em movimentos cívicos ou políticos – para impregnar a cultura e as obras humanas com um valor moral.
- Defendemos a vontade de Deus: dirigindo o que pudermos para o que é certo, em nossas famílias e locais de trabalho.
Somos reis sempre que enfrentamos as trevas do mundo, de acordo com a vontade Dele, começando com nossas próprias vidas.
Afinal, olhe a história real do “imagem da derrota” que é o crucifixo.
São Paulo nos diz o que estamos vendo quando vemos Jesus Cristo morrendo, rejeitado, na cruz.
“Ele é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação”, ele escreve. “Ele é antes de todas as coisas, e nele tudo subsiste.”
E é precisamente por meio de seu sacrifício na cruz que ele mostra sua realeza: “Pois foi do agrado de Deus que nele habitasse toda a plenitude, e por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas.”
E não é apenas Jesus Cristo que vemos lá. No mesmo ato, diz São Paulo, Deus “nos resgatou do domínio das trevas e nos transportou para o Reino de Seu Amado Filho”.
Portanto, não importa quão sombrio o mundo possa parecer, permaneça de cabeça erguida.
Não há razão para temer; até a inutilidade e a derrota conduzem a Ele. Cada um de nós é um rei, na cruz ou fora dela, porque somos um com Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo.