“Nossa liturgia é nosso ponto de convergência e unidade”Em sua página no Facebook, o pe. Zezinho publicou nesta sexta-feira o seguinte comentário a propósito da fidelidade à liturgia e das invencionices que surgem em relação a ela.
Liturgias selvagens
Embora haja quem me liste como conservador ou como esquerdista, meus 53 anos de padre mostram, pelas canções, escritos e liturgias, que sou moderado. Avanço quando se pode avançar e não brinco de inventar liturgias para o agrado da assembleia.
Olho para o Papa, para os bispos, para os padres nomeados para cuidar do culto católico e governo-me por eles. Estudaram 5 a 20 anos sobre a história do culto católico. Nossa liturgia é nosso ponto de convergência e unidade.
Por isso, não julgo quando vejo uma celebração eucaristia aprovada pelo bispo. A responsabilidade é dele, do padre oficiante e dos que imaginaram aquelas vestes e aquele cantos.
Numa missa que há muitos anos celebrei, dois minutos depois do canto de entrada alguém puxou um ato penitencial em línguas.
Sentei-me e deixei que orassem por dez minutos. Quando ninguém mais fez penitência em línguas de anjos, perguntei se eu, oficiante da liturgia, poderia conduzir a celebração do jeito de todas as liturgias do mundo inteiro! Disseram que sim. Propus que não cantassem seus cantos, nem os meus, e que orássemos a liturgia do dia como acontece no mundo inteiro! Acharam a missa chocha e sem alegria. Mas alguns seminaristas e catequistas agradeceram minha atitude.
Começar a celebração orando imediatamente em línguas parece-me coisa mecânica. Aprendi, quando seminarista na teologia e padre jovem, que a missa católica não é sequência de preces ou canções automáticas, comandada por um animador que dita até os sentimentos da assembleia!…
Para mim, missa é diálogo e quem o conduz é o sacerdote que estudou liturgia. Missa também tem que ser pensada e meditada. Começar a celebração e, em dois minutos, entrar em êxtase, é precipitar o culto. Pior: é ignorar séculos de prática de Eucaristia.
Há vários espaços para motivar os fiéis durante a celebração. Inventar o próprio espaço é agir como ator famoso que abandona o texto e cria o próprio texto numa obra de Shakespeare ou de Calderón de la Barca para parecer mais criativo. É como inventar uma frase pessoal e dizer que está em Mateus ou em Marcos…
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