O então governador de São Paulo proibiu as bênçãos coletivas do padre na cidade de Tambaú, pois o município não tinha estrutura para receber as multidões de devotos
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Na cidade (hoje com cerca de 30 mil habitantes), o religioso se dedicou a ajudar aos pobres, fundando várias entidades, entre elas o asilo São Vicente de Paulo e a Associação de Proteção à Maternidade e Infância de Tambaú.
Com o tempo, a fama de milagreiro do Pe. Donizetti começou a se espalhar. Fiéis do Brasil inteiro e até o exterior começaram a procurá-lo em busca de cura. O sacerdote sempre atribui estes milagres a Nossa Senhora Aparecida.
Sua bênção tornou-se muito procurada e era dada da janela de sua casa, devido à imensa quantidade de pessoas que ficavam aguardando sua oração.
Na década de 1950, devido ao grande número de romeiros que chegavam a Tambaú para receber a bênção dita milagrosa, a pequena cidade começou a enfrentar problemas de segurança, trânsito e higiene, pois não tinha a infraestrutura necessária para receber os peregrinos.
Segundo os registros da Igreja, em 1954 município chegou a receber três milhões de pessoas em um semestre. Só em um dia, foram 200 mil romeiros. O padre nem conseguia passar pela multidão, pois todos queriam um pedaço da sua batina.
Em entrevista ao Vatican News, o cardeal Giovanni Angelo Becciu, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos da Santa Sé, conta que o próprio Pe. Donizetti se sentia incomodado com a situação:
“Para a nossa mentalidade ocidental é algo estranho. Nos anos 54, 55, havia três milhões de pessoas que iam à sua paróquia e ele mesmo colocava o problema: estou fazendo bem ou as pessoas não entendem bem a minha condição de sacerdote? E escreveu ao bispo nestes termos: ‘Excelência, antes de ouvir dos outros, vim dizer-lhe que muitas pessoas vêm ter comigo porque se espalhou a notícia de que a minha bênção cura ou consola na dor. Rezo sempre a Nossa Senhora Aparecida. Estou consciente de que esta é uma missão que me confiou, para ajudar os necessitados. O que devo fazer?’. E o bispo deu uma resposta encorajadora e serena: ‘Querido Padre, continua a dar a tua bênção, aquela que é da Igreja. Não é um ato de magia, nem é uma invenção tua. Dispense as graças de Nossa Senhora. Vai tranquilo’”.
De acordo com o portal de notícias G1, para evitar que o caos na cidade de Tambaú aumentasse, o então governador do Estado de São Paulo, Jânio Quadro, obrigou o sacerdote a dar sua última bênção coletiva no dia 20 de maio de 1955, às 20h. A bênção foi proferida em latim sob uma chuva de rosas jogadas de um avião em cima da casa paroquial.
O momento foi eternizado em áudio, que até hoje costuma ser reproduzido no final das Missas celebradas em Tambaú.
Ouça abaixo parte deste momento histórico.
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