“O Papa Bento XVI foi sábio: começou um processo que amadureceu”, disse Francisco sobre o órgão vaticano que monitora as finanças da Santa SéDurante o voo de Tóquio para Roma, após a viagem apostólica de sete dias que fez à Tailândia e ao Japão, o Papa Francisco falou publicamente, nesta terça-feira, 26, sobre o recente escândalo de corrupção que atinge as finanças do Vaticano. Ele elogiou a eficácia das novas instituições vaticanas que combatem a criminalidade em assuntos financeiros:
“É a primeira vez no Vaticano que a panela é destampada de dentro e não de fora. De fora já foi várias vezes… Isso já nos foi dito tantas vezes e nós com tanta vergonha… Mas o Papa Bento (XVI) foi sábio, começou um processo que amadureceu, amadureceu, e agora existem as instituições”.
O caso em questão é a denúncia de corrupção ligada à compra de imóveis em Londres com dinheiro do Óbolo de São Pedro, isto é, os donativos feitos à Santa Sé por organismos episcopais e por católicos de todo o mundo para ajudar as obras de caridade do Papa. A denúncia partiu dos próprios responsáveis pela supervisão financeira da Santa Sé.
Francisco prosseguiu:
“A administração do Vaticano agora tem recursos para esclarecer as coisas ruins que aconteceram lá dentro, como neste caso. Não sei se é o caso do imóvel de Londres, porque isso ainda não está claro, mas havia casos de corrupção. Existem capitais que não são bem administrados, também com corrupção. Não é bonito que isso aconteça no Vaticano, mas foi esclarecido pelos mecanismos internos que começam a funcionar”.
O Papa afirmou que a gestão do dinheiro da Santa Sé deve envolver investimentos seguros que promovam o bem das pessoas. Ele destacou os progressos realizados no setor bancário e confirmou que o Moneyval, organismo especializado do Conselho da Europa, vai fazer o seu relatório nos primeiros meses de 2020, conforme já estava programado. Francisco ainda explicou a substituição do diretor da Autoridade de Informação Financeira (AIF) do Vaticano, devida a indícios de que o organismo não cumpriu a missão de “controlar os delitos dos outros”:
“Já encontrei o sucessor, um magistrado de altíssimo nível jurídico e econômico nacional e internacional. Na minha volta, ele assumirá o cargo da presidência da AIF”.