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Paz com Farc na Colômbia será concluída em 15 anos, diz representante da ONU

COLOMBIA

James Wagstaff - Shutterstock

Agências de Notícias - publicado em 29/11/19

"Sair de um conflito tão longo (...) levará muitos anos. Não sei se será uma geração, não sei se será nesta geração, mas tenho certeza de que será alcançado"

Para que o acordo de paz seja totalmente implementado na Colômbia, são necessários “10 a 15 anos”, calcula Carlos Ruiz, representante da ONU no país sul-americano, ao falar sobre o terceiro aniversário do pacto histórico entre o governo e o grupo guerrilheiro mais antigo da região.

Em entrevista à AFP, Ruiz, que também é chefe da Missão de Verificação das Nações Unidas, disse estar convencido de que “colombianos e instituições querem a paz completa” e o fim de um conflito entre guerrilheiros, agentes do Estado e paramilitares, em um contexto de tráfico de drogas.

Em nome da ONU, o diplomata mexicano reiterou o “apelo à plena implementação do acordo” com os guerrilheiros das Farc, assinado em 24 de novembro de 2016 e aprovado pelo Congresso em 1º de dezembro.

O presidente Iván Duque assumiu o poder em agosto de 2018 com a intenção de modificar parte do acordo, por considerar que oferece um tratamento indulgente aos guerrilheiros responsáveis por crimes hediondos.

Enquanto os partidários do pacto criticam o dirigente por atrasar a implementação dos compromissos assumidos com o ex-grupo armado.

– Qual é sua análise destes três anos de paz com as Farc?

É um equilíbrio positivo, mas ainda com muitos desafios, com muitas áreas que esperamos avançar mais rapidamente.

O saldo é positivo (…) para as milhares de vidas salvas (…), um processo de abandono de armas muito bem-sucedido (…), bons resultados em relação à reintegração das Farc como partido político.

Registramos avanços importantes, por exemplo, em termos de reintegração econômica e social (de ex-guerrilheiros). Certamente existem áreas de preocupação (…). Mas os acordos de paz são sempre processos de longo prazo.

– Quais são os desafios e suas recomendações para o futuro?

O ponto principal é a implementação abrangente dos acordos (…). Devemos (…) ampliar os projetos que abrangem mais ex-combatentes em termos econômicos e sociais, devemos ampliar as medidas de segurança para protegê-los.

Estamos falando de 35 projetos coletivos aprovados que reúnem um pouco mais de dois mil ex-combatentes de um universo de 13 mil credenciados. Em outras palavras, (…) ainda temos muito o que fazer: devemos garantir a sustentabilidade dos projetos, o acesso aos mercados (…), garantir que o retorno seja sólido e sustentável no tempo e no futuro (. ..) para eles e suas famílias.

Existem problemas de segurança importantes. Tivemos assassinatos de ex-combatentes, que chegam a 160 (…), morte de líderes sociais, de defensores de direitos humanos: 168 em 2019 (…) e várias centenas desde a assinatura do acordo.

Esperamos (…) uma implementação abrangente do acordo porque, no fim das contas, todas as áreas do acordo estão relacionadas, interconectadas.

Precisamos avançar em todas as áreas para que os resultados que foram pensados quando o acordo foi assinado possam ser alcançados.

– Quantos dos 13.000 membros das Farc estão afastados do processo de reintegração?

Estamos falando de um universo de 1.500 pessoas, que não responderam ao censo e outras que (…) estão longe do processo.

Alguns já têm sua própria vida individualmente, seu próprio emprego, não querem ser identificados (como ex-Farc) porque ainda temos um sério problema de estigmatização.

Exceto pelo grupo de 25 a 30 que anunciou o retorno às armas, que foi após o censo, não identificamos mais desistências de ex-combatentes.

Estamos falando de mais de 90% dos ex-combatentes registrados no processo, o que força o Estado, as Farc, a comunidade internacional e as Nações Unidas a continuar trabalhando, porque certamente, pelo progresso da implementação, nós vamos garantir que ex-combatentes permaneçam comprometidos com o processo.

– Como superar o narcotráfico, um obstáculo à pacificação da Colômbia?

O programa voluntário de substituição de culturas tem muitos méritos e é por isso que também está no acordo.

É um programa complexo, mas muito importante (…). Tem que ser acompanhado de desenvolvimento rural, infraestrutura, acesso ao mercado (…). Esperamos que ajude a resolver ou melhorar a situação.

– A Colômbia conhecerá uma paz completa?

Tanto os colombianos quanto as instituições querem uma paz completa. Mas certamente, se estamos falando sobre o acordo com as Farc, estamos falando de um projeto de 10 a 15 anos, não me atrevo a dizer quando seria possível obter uma consolidação completa.

Sair de um conflito tão longo (…) levará muitos anos. Não sei se será uma geração, não sei se será nesta geração, mas tenho certeza de que será alcançado.

(AFP)

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