“As pessoas tendem a interpretar como castigo… Mas tudo deve ser examinado como sinal do amor de Deus”Dom Antônio Carlos Rossi Keller, bispo de Frederico Westphalen, no Rio Grande do Sul, compartilhou com os fiéis da sua diocese uma reflexão simples e profunda a propósito do início deste Advento, a qual reproduzimos a seguir:
Atenção aos sinais
“Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia virá o vosso Senhor. Compreendei isto: se o dono da casa soubesse a que horas da noite viria o ladrão, estaria vigilante e não deixaria arrombar a sua casa“: assim escutamos no Evangelho deste 1º Domingo do Advento (Mateus 24,37-44).
Há nas palavras de Jesus uma chamada de atenção para os sinais que o Senhor nos envia e um convite ao esforço para decifrá-los. A chave da leitura deste trecho é a filiação divina. Somos filhos de Deus e Ele ama-nos com loucura.
Tudo quanto nos acontece nesta vida nunca é sinal de castigo, mas de amor. As pessoas são propensas a interpretar como castigo tudo o que não está de acordo com aquilo que gostam: uma doença, um contratempo econômico, a morte de um familiar… Tudo deve ser examinado partindo do princípio de que tudo quanto acontece em nossa vida e na vida do mundo tem, de alguma forma, um sinal do amor de Deus.
Precisamos implorar a ajuda do Espírito Santo, com os Seus sete dons, para decifrarmos corretamente estes sinais que o Senhor nos envia: são mensagens de um enamorado, de um Pai que nos ama com loucura.
Devemos manifestar ao Senhor o nosso profundo agradecimento e pensar, na Sua presença, como poderemos corresponder a tanto amor, e o que é que Ele nos pede concretamente, por meio daquele sinal que nos envia.
A vigilância é uma virtude muito recomendada por Jesus no Evangelho. Ele recorre aos costumes da época em que viveu a Sua vida mortal entre nós para nos explicar em que consiste a vigilância: estar com os rins cingidos – as pessoas atavam um cinto para levantar a túnica, de modo que não impedisse de caminhar -, de cajado na mão – e lâmpadas já acesas, à espera do menor sinal para empreender a caminhada.
A vigilância cristã não é um estar temeroso e receoso do que pode acontecer quando se der o nosso encontro com o Senhor. É, antes, aquela expectativa de duas pessoas enamoradas que aguardam com alegria e quase impaciência o encontro com quem se ama.
Aproveitemos este tempo sagrado do Advento para intensificarmos a nossa intimidade com o Senhor, por meio da oração. Pedimos ao Senhor que não se irrite ao ver a nossa indigência. A nossa alma devia ser um jardim de flores, de virtudes. Mas muitas vezes é um deserto, ou um campo sem cultivar.
O tempo litúrgico do Advento é mais uma oportunidade que o Senhor nos oferece para nos colocarmos em uma atitude positiva de vigilância e de atenção para com as coisas de Deus. Imitemos Nossa Senhora, que, em profundo recolhimento, sem descurar os seus deveres de esposa e dona de casa, aguardou com alegria o nascimento do Menino que trazia no seu seio virginal.
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