Burkina Faso, o Mali, a Mauritânia, o Níger e o Chade estão a trabalhar já em conjunto com os militares franceses presentes na região, tendo constituído uma força comum anti-terrorista
O ataque ocorreu em Hantoukoura e terá sido executado por um dos vários grupos jihadistas que operam na região.
Segundo a agência France Press, os cristãos – o pastor e os fiéis, entre os quais algumas crianças – foram “executados” a sangue frio por cerca de uma dúzia de atacantes fortemente armados.
Entretanto, as forças da ordem lançaram uma operação com vista à captura dos responsáveis pelo massacre.
Tem crescido, nos últimos tempos, a violência contra as comunidades cristãs no Burkina Faso
Em Setembro, a Fundação AIS dava conta de que os cristãos residentes nas localidades de Hitté e Rounga estavam a ser alvo de ameaças por grupos extremistas, sentindo-se forçados a abandonar as suas casas para não se converterem ao Islão.
Segundo fontes contactadas então pela AIS, outras comunidades cristãs estavam também a ser alvo de intimidação, podendo falar-se inclusivamente num “plano para semear o terror” neste país africano que está a provocar a fuga das populações. Na ocasião, a Ajuda à Igreja que Sofre reportava a fuga de suas casas de cerca de 300 mil pessoas, dados confirmados pelo escritório local das Nações Unidas, e que estavam a afectar principalmente as populações nas zonas norte e leste do Burkina Faso.
A violência armada contra as comunidades cristãs tem vindo a acentuar-se. Em 26 de Maio, em Toulfé, jihadistas mataram cinco pessoas que participavam numa celebração religiosa no norte do país. Em 13 de Maio, quatro católicos foram mortos quando participavam numa procissão religiosa em Zimtenga.
No dia anterior, seis pessoas, incluindo um padre, foram mortas num ataque armado durante uma missa em Dablo, e a 29 de Abril mais seis pessoas perderam a vida, num outro ataque a uma igreja protestante em Silgadji, situada a norte do país.
Recorde-se que a 15 de Fevereiro, o Padre espanhol António César Fernández, de 72 anos, foi assassinado a tiro num ataque realizado por cerca de duas dezenas de homens armados a um posto de controlo na fronteira entre o Burkina Faso e o Togo.
As fontes da Fundação AIS no Burkina Faso, cuja identidade importa preservar por questões de segurança, enfatizam que se está perante “uma situação muito difícil de gerir” mas que desencadeou – e importa sublinhar isso – uma onda de solidariedade que inclui também elementos da população muçulmana.
Já no início de Agosto o presidente da Conferência Episcopal do Burkina Faso e do Níger, o bispo de Dori, D. Laurent Birfuoré Dabiré, havia denunciado os massacres de cristãos por parte de grupos jihadistas que actuam com apoio do exterior e que, segundo ele, “estão melhor armados e equipados” do que os elementos do exército nacional.
“Se o mundo continuar a não fazer nada, o resultado será a eliminação da presença cristã”, alertou o presidente da Conferência Episcopal. Os grupos jihadistas – afirmou o prelado – “foram-se instalando” dentro do país, “atacando o exército, as estruturas civis e a população”. Agora – acrescentou o presidente da Conferência Episcopal – “os cristãos parecem ser o alvo principal. Eu acredito que eles estão a tentar desencadear um conflito inter-religioso”.
Sobre a origem destes grupos armados que têm vindo a aterrorizar as populações no norte do Burkina Faso, não há dados concretos. As armas usadas nos diversos ataques “não são fabricadas” localmente, asseguram à Fundação AIS.
O Burkina Faso é um dos países mais pobres do mundo. O norte faz fronteira com o Mali, país que luta há muito tempo contra extremistas islâmicos. Além do Mali, o Burkina Faso também partilha fronteiras com mais cinco países: Níger, Gana, Costa do Marfim, Benim e Togo.
“Existe – como refere a Fundação AIS no último Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo – o perigo de a crise e a instabilidade política se espalharem em toda a região.” De facto, os grupos jihadistas estão a actuar cada vez mais para além das fronteiras nacionais nesta região de África.
“Estas organizações – pode ler-se ainda no documento – incluem o Boko Haram, uma milícia terrorista activa sobretudo na Nigéria mas responsável por ataques no Níger e nos Camarões.” A norte, há também a ameaça do Daesh, o autoproclamado Estado Islâmico. “Como consequência”, conclui o Relatório da Fundação AIS, “o Burkina Faso está ameaçado pelo jihadismo literalmente por todos os lados”.
Em consequência desta ameaça regional, o Burkina Faso, o Mali, a Mauritânia, o Níger e o Chade estão a trabalhar já em conjunto com os militares franceses presentes na região, tendo constituído uma força comum anti-terrorista.
(Departamento de Informação da Fundação AIS)