Em um livro intitulado Il diavolo c’è [O diabo existe], o escritor italiano Diego Manetti reúne todas as intervenções em que o Santo Padre advertiu contra os perigos de SatanásEstamos longe da representação que costumamos ver na iconografia ou no cinema: um homem com aspecto cruel e chifres. O diabo a que sempre se refere o Papa Francisco em suas homilias e catequeses se manifesta de maneira muito diferente. Trata-se de um verme presente na sociedade, que espalha as sementes da discórdia e separa as pessoas. Um ser que, continuamente, nos faz cair em tentação.
Em um livro intitulado Il diavolo c’è [O diabo existe], o escritor italiano Diego Manetti reúne todas as intervenções em que o Santo Padre advertiu contra os perigos de Satanás e nas quais ele explica o que pensa sobre o diabo.
- Portador da amargura
“Como nos lembrou tantas vezes o Papa Bento XVI em seus ensinamentos, é Cristo que guia a Igreja, por meio de seu Espírito. O Espírito Santo, com sua força vivificante e unificadora, é a alma da Igreja; de muitos, faz um só corpo, o Corpo místico de Cristo. Nunca nos deixemos vencer pelo pessimismo, por essa amargura que o diabo nos oferece todos os dias; não caiamos no pessimismo e no desânimo: tenhamos a firme convicção de que, com seu poderoso alento, o Espírito Santo dá à Igreja o valor de perseverar e também de buscar novos métodos para levar o Evangelho aos extremos confins da terra” (Papa Francisco, Audiência a todos os cardeais em 15 de março de 2013).
- Ladrão de esperança
“Nossa alegria não é algo que nasce por termos tantas coisas, mas de termos encontrado uma pessoa: Jesus, que está entre nós, que nasce do saber que, com Ele, nunca estamos sós, inclusive nos momentos difíceis, quando o caminho da vida tropeça em problemas e obstáculos que parecem insuperáveis (e há tantos desses!). Neste momento, vem o inimigo, vem o diabo, tantas vezes disfarçado de anjo, e nos diz sua palavra. Não o escutem. Sigamos Jesus” (Papa Francisco, Homilia do Domingo de Ramos em 24 de março de 2013).
- Semeador de fofocas e discórdia
“Peço-lhes [à Guarda Vaticana] não só para defender as portas, as janelas do Vaticano – um trabalho necessário e importante –mas defender com vosso padroeiro, São Miguel, as portas do coração de quem trabalha no Vaticano, onde a tentação entra exatamente como em todas as partes. Mas há uma tentação, (…) uma tentação de que o diabo gosta muito: aquela que vai contra a união, a união de quem trabalha e vive no Vaticano. O diabo tenta criar uma guerra interna, uma espécie de guerra civil e espiritual. É uma guerra que não é feita com as armas que nós conhecemos: é feita com a língua” (Papa Francisco, Homilia para a Guarda Vaticana em 28 de setembro de 2013).
- Satanás é hábil
“O dever do povo de Deus é guardar o homem: o homem Jesus. Porque é o homem que dá vida a todos os homens, à toda a humanidade. De sua parte, os anjos lutam para fazer o homem vencer. Assim, o homem, o Filho de Deus, Jesus, e a humanidade – todos nós – lutamos contra todas essas coisas que Satanás faz para destrui-lo. Tantos projetos de desumanização do homem são obras dele, simplesmente porque ele odeia o homem. Ele é astuto, diz a primeira página do Gênesis. Ele apresenta as coisas como se fossem boas. Mas a intenção dele é a destruição” (Papa Francisco, Meditação Matinal de 29 de setembro de 2014).
- Um perigoso sedutor
“Satanás é um sedutor, é daqueles que semeiam discórdias e seduzem com o encanto, com o encanto demoníaco, que leva as pessoas a acreditarem em tudo. Ele sabe se vender com esse encanto, vende bem, mas, no fim, paga mal!
“A velha serpente – o demônio – tem três métodos: primeiro, obtém as coisas, as riquezas, que conduzem as pessoas à corrupção. E não estou contando nenhuma história: a corrupção está em todas as partes. Muitas pessoas vendem suas almas por duas moedas, vendem sua felicidade, sua vida, vendem tudo. Este é o primeiro nível: o dinheiro, a riqueza” (Papa Francisco, homilia da Missa de 3 de outubro de 2015.).
- Sombra dos espíritos impuros
“A vida cristã é uma luta. Deixemo-nos atrair por Jesus. (…) E é necessário que seja o Pai que te atraia a Jesus. (…) Mas, se você quer ir para a frente, deve lutar. Sentir o coração que luta, para que Jesus vença.
Pensemos em como é nosso coração. Sinto essa luta no meu coração? Entre a comodidade e o serviço aos outros, entre me divertir um pouco ou fazer uma oração e adorar ao Pai, entre uma coisa e outra? Sinto a luta, a vontade de fazer o bem? Creio que minha vida comove o coração de Jesus?” (Papa Francisco, Meditação Matinal de 19 de janeiro de 2017).
- Nenhum diálogo
“A serpente (o diabo) é astuto: não se pode dialogar com o diabo. Todos nós sabemos o que são as tentações, todos sabemos, pois as temos. São tentações de vaidade, de soberba, de ganância, de avareza… Mas todas começa quando dizemos: pode, pode” (Papa Francisco , Meditação Matinal de 10 de fevereiro de 2017).
- Hipocrisia e bajulação
“Os hipócritas sempre começam com a bajulação. E logo fazem uma pergunta. Nas técnicas de bajulação também estão o não dizer uma verdade, o exagerar, o fazer crescer a vaidade. Conheci um sacerdote há muito tempo, não aqui, que – coitado – acreditava em todas as bajulações que o faziam. Era a sua fraqueza. Os companheiros diziam que ele havia aprendido mal a liturgia, pois não tinha compreendido bem o verdadeiro sentido da insensatez. Isso se aprende também lendo a passagem do Evangelho em que os fariseus, querendo colocar Jesus à prova, o bajularam para que ele acreditasse e caísse. É a técnica do hipócrita: ele te faz acreditar que ele te ama, e sempre te incha para, depois, alcançar seu objetivo” (Papa Francisco, Meditação Matinal de 6 de junho de 2017).